Nova Iorque - A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou hoje para o aumento desde 2020 do número de pessoas com fome, para 733 milhões, por razões que vão do alastrar dos conflitos aos feitos da ruptura climática, noticiou o site Notícias ao Minuto.
"Um mundo sem fome é possível e está ao alcance. Temos a tecnologia e o conhecimento para derrotar a fome, mas precisamos de vontade política e dos investimentos necessários", disse o director-geral da agência da ONU para o Desenvolvimento Industrial (ONUDI, na sigla em Inglês), Gerd Müller, em comunicado.
A capital da Etiópia acolhe entre terça e quinta-feira, a Conferência Mundo Sem Fome, onde esta agência da ONU e a dedicada à agricultura e alimentação (FAO, na sigla em Inglês) vão apresentar um estudo intitulado 'É possível acabar com a fome'.
No comunicado, Muller adiantou que "o novo estudo ONUDI-FAO apresenta uma solução duradoura para a crise de fome, em particular face ao crescimento demográfico", considerado ser "crucial que se realizem investimentos estratégicos de longo prazo, sem demora".
"Hoje, custaria 540 mil milhões de dólares adicionais acabar com a fome até 2030, em grande parte através de programas de protecção social. Em 2020, calculava-se que seriam necessários 330 mil milhões de dólares para tal", detalhou a ONUDI.
Este agravamento, segundo o estudo, deve-se a factores como a elevada dependência das importações de alimentos, o que torna os países mais suscetíveis a variações dos preços mundiais.
Os eventos climáticos extremos e a ruptura climática afectaram a produção e disponibilidade dos alimentos, o que agravou a crise alimentar nas regiões que sofreram secas ou inundações.
A solução que o organismo coloca para terminar com o problema da fome é a combinação do aumento da produção de alimentos e garantir os meios económicos para que a população compre comida, o que permite redistribuir a produção e o consumo para onde mais se necessita.
Para atingir este objectivo, segundo o organismo, é necessário investir em produtividade agrícola através da investigação, bem como na mecanização das explorações e a adopção de tecnologias de informação e comunicação.
Também "continua a existir uma importante necessidade de investimento para construir e manter infra-estruturas de risco, eletricidade, estradas rurais e armazenamento para reduzir as perdas posteriores à colheita", ainda segundo a ONUDI.
A proporção da população mundial que sofre fome tinha diminuído quase 50% desde 1990lm quando afectava mais de mil milhões de pessoas.
Sem embargo, os números aumentaram drasticamente desde 2020 devido ao aumento dos conflitos em todo o mundo, eventos meteorológicos extremos e às interrupções das cadeias logísticas.
"Sudão está à beira da pior fome em quatro décadas, enquanto a ruptura climática provocou graves secas no Corno de África e eventos meteorológicos extremos que afectam o rendimento dos cultivos no sul da Ásia", exemplificou a ONUDI.
O economista-chefe da FAO, Máximo Torero, avisou que "o custo da inacção aumenta todos os dias e afecta não apenas as finanças, mas também a vida das pessoas".
Alertou ainda que "tem de se actuar com urgência e coordenar e priorizar os investimentos para acelerar a transformação do sistema agroalimentar".CS