Sydney - Mais de 100 importantes grupos de direitos humanos e activistas na Austrália denunciaram hoje as leis anti-manifestações "ultrajantes" e "repressivas" que foram usadas para prender por 15 meses uma activista que bloqueou o trânsito.
Lamentando o "aumento da repressão", grupos como a Amnistia Internacional (AI) e sindicatos de trabalhadores assinaram uma carta aberta dizendo "não" à "prisão de activistas ambientalistas pacíficos" e pedem uma reforma da legislação.
A carta foi motivada pela sentença, no início de Dezembro, de Deanna "Violet" Coco, de 32 anos, após um protesto na Sydney Harbour Bridge.
A activista estacionou um camião alugado na famosa ponte antes de subir ao tejadilho do veículo e acender um sinalizador de emergência, bloqueando a faixa de tráfego por aproximadamente 25 minutos.
Deanna "Violet" Coco declarou-se culpada de vários crimes e foi condenada a 15 meses de prisão, com possibilidade de liberdade condicional após oito meses.
O veredicto foi saudado pela classe política australiana conservadora, incluindo o tio da activista, Alister Henskens, que é ministro de Estado.
Esta decisão levou o relator especial da ONU para os direitos à liberdade de reunião pacífica e de associação, Clément Voule, a dizer-se "preocupado" com esta pena de prisão e com a recusa de fiança antes do recurso agendado para Março.
O primeiro-ministro de Nova Gales do Sul, Dominic Perrottet, disse que o protesto foi um "inconveniente" para o povo de Sydney e que a prisão foi "agradável de ser vista".
Deanna "Violet" Coco retornará ao tribunal na terça-feira para tentar pedir liberdade sob fiança.
"A grande maioria dos australianos de todas as faixas políticas apoia e votou por uma forte acção ambientalista", referiu a carta assinada por 170 grupos e activistas de direitos humanos.
"As pessoas não deveriam preocupar-se com o risco de punições pesadas apenas por ir às ruas, referiram ainda as organizações não-governamentais.