Beirute - O primeiro-ministro libanês anunciou hoje que o seu governo continua a manter contactos para evitar que o Líbano se envolva na guerra entre Israel e milícias na Faixa de Gaza, mas reconheceu ser impossível "prever o que pode acontecer".
"O governo prossegue os seus contactos internos e externos para manter a situação no Líbano tão calma quanto possível e para distanciar o Líbano das repercussões da guerra em curso em Gaza", afirmou Najib Mikati, citado num comunicado da presidência do Conselho de Ministros.
Mikati confirmou contactos com o secretário-geral da ONU, António Guterres, e com os presidentes da França e da Turquia, Emmanuel Macron e Recep Tayyip Erdogan, bem como com os Estados Unidos, Itália, Jordânia, Qatar, Reino Unido e Canadá.
O primeiro-ministro libanês voltou a insistir hoje que nenhum actor libanês está interessado em "abrir uma frente [de guerra] a partir do sul do Líbano" e acrescentou que, embora estejam a trabalhar "para a paz", a decisão sobre uma eventual guerra "está nas mãos de Israel", uma vez que é necessário cessar as suas "provocações".
"O Líbano está no olho do furacão, toda a região está numa situação difícil e ninguém pode prever o que vai acontecer [...]. Mas o que é claro é que Israel está a tentar duplicar as suas provocações", avisou Mikati, segundo a nota.
Desde 08 de outubro, um dia depois do ataque do Hamas em território israelia, que o grupo xiita libanês Hezbollah e as tropas israelitas se têm envolvido numa série de ataques transfronteiriços, com algumas acções também reivindicadas por facções palestinianas presentes em território libanês.
No quadro dos esforços de manter a neutralidade do Líbano no conflito, o exército libanês anunciou hoje ter desmantelado cerca de 20 lança-foguetes encontrados durante uma operação nas zonas do sul do país que fazem fronteira com Israel, onde grupos armados efectuaram vários lançamentos de foguetes contra o Estado judaico na última semana.
"Na sequência de uma operação de reconhecimento e inspeção nas zonas fronteiriças, uma unidade do exército encontrou 20 lança-foguetes, quatro dos quais transportavam foguetes prontos a serem lançados nos arredores das cidades de Qalila e Al Chaaitiyeh", afirmaram os militares em comunicado.
Segundo o comunicado, as unidades militares especializadas conseguiram desmantelar as instalações.
Nos últimos dias, as acções militares a partir do Líbano, perpetradas por milícias do movimento xiita Hezbollah, pró-iraniano, incluíram alguns disparos de foguetes contra o norte de Israel.
Domingo, um desses foguetes atingiu o quartel-general da missão de manutenção da paz da ONU no Líbano (FINUL), na cidade meridional de Naquora, sem deixar vítimas.
A origem do ataque está ser investigada pelos 'capacetes azuis'.
O impacto ocorreu no meio de um recrudescimento da violência do outro lado da fronteira, com pelo menos cinco ataques com foguetes do Hezbollah em vários pontos do norte de Israel, que respondeu com artilharia e bombardeamentos aéreos.
Dezasseis pessoas foram mortas durante o fogo cruzado de ambos os lados da fronteira, incluindo três civis libaneses.DSC