Jerusalém - O Governo israelita anunciou hoje a retirada de acreditações aos jornalistas da estação televisiva do Qatar Al-Jazeera, cujas emissões já foram proibidas pelo executivo no inícios de Maio por, alegadamente, violarem a segurança do Estado.
Num comunicado, o gabinete de imprensa do Governo israelita sublinhou que a decisão foi tomada tendo em consideração "todos os aspectos relevantes" e em conformidade com a legislação sobre a segurança nacional, que autoriza a retirada de acreditações à comunicação social nos casos em que se considere que os seus titulares podem "pôr em perigo a segurança do Estado".
Segundo o director do gabinete de imprensa governamental, Nitzan Chen, a Al-Jazeera é um órgão de comunicação social que "ultrapassou linhas vermelhas" desde o ataque de 07 de Outubro de 2023 do movimento islamita palestiniano Hamas a Israel, em que foram mortas 1.194 pessoas, na maioria civis, e sequestradas 251, e que serviu de detonador para a guerra desde então em curso na Faixa de Gaza.
"Algumas das reportagens desta estação de televisão não cumprem os padrões jornalísticos universais, incluindo o cumprimento de regras mínimas de ética, decência e equilíbrio. Lamentavelmente, trata-se de um meio de comunicação social que, desde a eclosão da guerra, tem difundido conteúdos falsos incitando contra israelitas e judeus e que constituem uma ameaça para os soldados das Forças de Defesa de Israel (IDF)", criticou Chen.
Por essa razão, as autoridades israelitas consideram que "não há justificação" para os jornalistas da Al-Jazeera que trabalham em território de Israel usufruírem de um certificado do Governo que lhes permita trabalhar e lhes dê "fácil acesso a 'briefings'".
A Justiça de Israel aceitou em finais de Julho o pedido do Governo para proibir as emissões da estação pan-árabe Al-Jazeera, acusando-a de levar a cabo uma "verdadeira violação da segurança do Estado". A decisão do tribunal alegou que o canal tinha incitado a ataques terroristas com os seus conteúdos.
Numa primeira fase, o Governo israelita suspendeu as emissões da Al-Jazeera, bloqueou o seu 'site' da Internet, confiscou o seu equipamento e encerrou as suas instalações no início de Maio, ao abrigo de uma lei aprovada pouco antes que lhe permite agir contra meios de comunicação social estrangeiros em caso de eventuais violações da segurança nacional.
Fundada e financiada pela família real do Qatar, a Al-Jazeera é um dos canais com maior número de jornalistas na Faixa de Gaza e, desde Outubro do ano passado, tem informado sobre bombardeamentos de hospitais, ataques a edifícios residenciais e a morte de cidadãos de Gaza desarmados, tudo actos passíveis de serem considerados crimes de guerra.
É difícil obter informações em primeira mão sobre o que se passa na Faixa de Gaza, porque Israel continua a impedir a imprensa internacional de entrar no enclave palestiniano devastado, onde, segundo o Hamas, pelo menos 172 jornalistas e outros trabalhadores da comunicação social foram mortos desde o início da guerra. JM