Estrasburgo - Eurodeputados da comissão dos Assuntos Externos e de delegações para a região do Cáucaso no Parlamento Europeu pediram hoje uma investigação "sem demora" às irregularidades relatadas nas eleições legislativas na Geórgia, ganhas no sábado pelo partido pró-russo no poder.
"No sábado, realizaram-se eleições legislativas na Geórgia, na sequência de uma campanha eleitoral altamente polarizada e tensa e de preocupações sobre o retrocesso democrático do país. O povo georgiano demonstrou mais uma vez o seu empenho e compromisso com a democracia, não só fazendo uso do seu direito de voto em grande número, mas também participando activamente na observação destas eleições e denunciando irregularidades", afirmam, numa declaração conjunta, os presidentes da comissão dos Assuntos Externos, David McAllister, da delegação para as Relações com o Cáucaso Meridional, Nils Usakovs, e da delegação à Assembleia Parlamentar Euronestina, Sergey Lagodinsky.
Elencando que "das irregularidades relatadas pelos observadores internacionais constam incidentes de violência, compra de votos, voto duplo, afastamento dos meios de comunicação social e dos observadores, intimidação dos eleitores dentro e fora das assembleias de voto", os responsáveis pedem que "todas as violações comunicadas sejam investigadas e tratadas sem demora ao abrigo dos procedimentos adequados de reclamação e recurso".
Segundo os resultados quase definitivos divulgados hoje, partido "Sonho Georgiano", no poder desde 2012, obteve 53,92% dos votos, contra 37,78% da coligação da oposição.
A oposição acusa o "Sonho Georgiano", do oligarca Bidzina Ivanishvili, de aproximar a Geórgia da Rússia e de a afastar de uma possível adesão à UE e à NATO, dois objectivos consagrados na Constituição do país.
Tanto a oposição como parte da comunidade internacional, incluindo observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), manifestaram dúvidas sobre a transparência do processo.
No domingo, a Comissão Europeia e o Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, apelaram às autoridades da Geórgia para que clarifiquem as irregularidades denunciadas por observadores internacionais nas eleições.
A Geórgia apresentou o seu pedido de adesão à UE em Março de 2022, tendo-lhe sido concedido o estatuto de país candidato em Dezembro de 2023, no pressuposto de que o país adoptará as reformas necessárias. JM