Bruxelas - Os líderes europeus reunem-se quinta-feira na 5.ª cimeira da Comunidade Política Europeia e num jantar informal do Conselho Europeu, para focalizarem-se nos desafios da Europa após as eleições presidenciais norte-americanas terem dado a vitória a Donald Trump, noticia a Lusa.
Ambas a realizarem-se em Budapeste pela actual presidência rotativa do Conselho da União Europeia (UE) assumida pela Hungria, as duas cimeiras (com a segunda a continuar na sexta-feira) acontecem depois de o republicano Donald Trump ter sido eleito na terça-feira o 47.º Presidente dos Estados Unidos, resultado que, de acordo com fontes europeias ouvidas pela agência Lusa, não gerou surpresa em Bruxelas.
Uma dessas fontes comentou que, desde logo na reunião de hoje dos embaixadores dos Estados-membros junto da UE, o ambiente "não foi de ressaca" pois o bloco comunitário "estava muito bem preparado".
"A UE é hoje uma senhora respeitável na casa dos 70 anos e já não é a irmã mais nova e frágil dos Estados Unidos. É uma adulta, vacinada e resistente, próspera e democrática, pronta a enfrentar os desafios do mundo e a defender os seus valores, com todos os seus parceiros e aliados e isso permanece qualquer que seja o resultado das eleições aqui ou ali", adiantou a mesma fonte.
É precisamente por isso que, naquela que é a 5.ª cimeira da Comunidade Política Europeia, líderes de mais de 40 países europeus (os da UE e outros, como o Presidente ucraniano) se vão focar no continente europeu e debater temas como as migrações e a segurança económica.
"É muito importante discutir as migrações com parceiros não comunitários, como os dos Balcãs Ocidentais por onde passam muitas rotas migratórias, e também o contrabando de migrantes e a questão das fronteiras, já que este não é apenas um assunto da UE", comentou uma outra fonte ouvida pela Lusa.
Na carta-convite enviada pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, o responsável defendeu precisamente que esta reunião de alto nível serviria para "enfrentar crises", como a migratória, que "marcarão o futuro" da Europa.
Este é um debate sensível na UE dados os diferentes pontos de vista e os diferentes contextos dos Estados-membros na gestão migratória, com o qual se quer combater a imigração ilegal, reforçar os retornos de pessoas nessa situação e melhorar as vias legais de integração.
Portugal defende uma postura consensual na UE, desde que respeitando o Direito internacional e salvaguardando os canais de migração regulares.
Criada em 2022 após a invasão russa da Ucrânia, a Comunidade Política Europeia é uma plataforma de coordenação política para debates sobre o futuro da Europa.
Após esta cimeira, que decorre entre cerca das 11:00 e as 17:00 (hora local, menos uma hora em Lisboa) no estádio Puskás Arena de Budapeste, inicia-se o Conselho Europeu informal com um jantar dos chefes de Governo e de Estado da UE no edifício do Parlamento húngaro.
Nesse jantar, prevê-se que "o menu seja a relação com os Estados Unidos e a relação transatlântica à luz dos resultados eleitorais", quando se temem impactos no comércio, defesa, apoio à Ucrânia face à invasão russa, conflito no Médio Oriente e mercados financeiros, segundo fontes ouvidas pela Lusa.
A dominar esta ocasião estão ainda as recentes irregularidades relatadas nas legislativas na Geórgia, ganhas recentemente pelo partido pró-russo no poder (Sonho Georgiano).
Tanto Donald Trump como o primeiro-ministro da Geórgia, Irakli Kobakhidze, são próximos do primeiro-ministro húngaro e anfitrião das cimeiras, o nacionalista Viktor Orbán, que é conhecido por desafiar a UE em polémicas tomadas de posição, como a de congratular e de visitar Tbilissi logo após as eleições.
Apesar de Trump ou Kobakhidze não terem sido convidados para Budapeste, mas à luz das posições assumidas por Orbán, receia-se que o republicano norte-americano possa ser contactado para uma videochamada pós-vitória, sem que isso tenha sido ainda confirmado.
Em ambos os encontros de alto nível, Portugal estará representado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro. MOY/AM