Lubango – A representação de um pai com o filho ao colo a sensibilizá-lo sobre a circuncisão entre os nyaneka e seus benefícios, é a Peça do Mês no Museu Regional da Huíla, para reverenciar o ritual de iniciação masculina, também conhecido por “ekwendje”, uma prática costumeira realizada no cacimbo.
A circuncisão é a retirada do prepúcio do homem, a pele que cobre a cabeça do pénis, embora tenha começado como um ritual em algumas regiões, hoje a circuncisão é cada vez mais usada por questões de higiene.
Esse procedimento tem como principais benefícios, a diminuição dos riscos de infecções, de contrair doenças de transmissão sexual ou transmitir, câncer, entre outros males que podem afectar a área em causa.
Na história da Região Sul, nas zonas mais recônditas, os rapazes passam por este ritual denominado ekwendje (circuncisão), na fase da adolescência e a cirurgia é a sangue frio, de acordo com a directora do Museu Regional da Huíla, Angelina Sacalumbo.
Detalhou que para estes mês, a escolha recaiu ao objecto decorativo que está a representar o pai a sensibilizar o filho para a circuncisão, pois está-se na época de cacimbo e os meses de Junho e Julho o frio agudiza-se, sendo nessa altura que os pais aproveitam as férias escolares para a realização da circuncisão.
Todavia, disse, antes de serem submetidos à circuncisão, são sensibilizados pelos pais, que os consciencializam sobre o assunto. Nas aldeias esse ritual é realizado num local próprio, onde isolam-se várias crianças e depois de serem circuncidadas aprendem sobre a cultura e culmina com uma "grande" festa.
“É uma festa muito importante para essas populações, por isso queremos dar mais atenção a esse ritual da puberdade masculina, dado que queremos que as pessoas saibam mais sobre o assunto e podem visitar o museu", expressou.
O Museu Regional da Huíla é de carácter etnográfico fundado em 1957, por Peixoto Correia, com objectivo de investigar, conservar e divulgar as peças de domínio etnográfico e paleontológico da Região Sul de Angola.
De acordo com Angelina Sacalumbo, o Museu alberga mais de mil e 500 peças, das quais maior parte está em reserva técnicas, tem 300 peças em exposição que retratam o quotidiano dos povos das províncias da Huíla, Cunene, Namibe e Cuando Cubango.
Para além dessas peças que vão retratar sobre a pastorícia e caça, instrumentos musicais, espiritualidade, adornos, agricultura, cestaria e olaria, temos também uma bioética com mais de oito mil livros, moedas antigas, selos e fotografias. BP/MS