Ndalatando – Os comerciantes e líderes de cooperativas agrícolas, que, em 2022, beneficiaram de crédito do Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA), avaliado em mil milhões de kwanzas, constam da lista dos incumpridores deste empréstimo, na província do Cuanza-Norte, por alegado insucesso do investimento feito.
A denúncia foi feita quinta-feira última, nesta localidade, pelo responsável do gabinete de Desenvolvimento Económico Integrado, Humberto Mesquita, tendo avançado que o sector do Comércio beneficiou até 28 milhões de kwanzas, enquanto as cooperativas agrícolas receberam de cinco a Kz 45 milhões.
O responsável, que falava durante o Fórum Empresarial enquadrado na Expo Cuanza-Norte, que termina este sábado, adiantou que os respectivos devedores deviam começar a reembolsar o crédito a partir deste ano, depois de um período de carência de dois anos.
Perante essa situação, Humberto Mesquita informou que está em curso um trabalho aturado com o financiador, BDA, para aferir os reais devedores e apurar o valor exacto da dívida de cada beneficiário.
Avançou que esse estudo termina provavelmente em Outubro, visando persuadir os devedores a cumprir com as obrigações, por via de negociação ou coerciva.
Por outro lado, lamentou pelo facto de a classe empresarial “não cooperar no reembolso do empréstimo, apesar do empenho do Governo em apoiar investidores nessa província.
Fórum empresarial debate transformação de produtos agrícolas
Durante o fórum empresarial, os participantes debateram o tema "A transformação dos produtos agrícolas das médias e pequenas empresas", que visou à adopção de estratégias para melhor aproveitamento e transformação das culturas agrícolas que mais se deterioram no campo por falta de indústrias transformadoras.
Segundo o responsável do gabinete de Desenvolvimento Económico Integrado, Humberto Mesquita, os parques industriais rurais podem albergar os produtores locais e estimulá-los para actividades de secagem, como uma das modalidades de conservação, prevenção da deterioração e aproveitamento dos produtos, sobretudo, legumes, frutícolas e tubérculos.
Disse que a província conta já com um Programa de Comércio Comunitário, que vai abarcar a construção de seis armazéns rurais em igual número de municípios, de modo a prevenir a deterioração dos produtos agrícolas.
Sublinhou que os armazéns contarão com gestores a serem seleccionados a nível dos municípios.
Por seu turno, a presidente da Associação dos Empresários do Cuanza-Norte, Nádia Laranjeira, considerou o evento como uma oportunidade para os investidores locais explorarem as suas capacidades, visando à adopção de estratégias conjuntas que contribuam para o desenvolvimento da actividade empresarial na província.
Já os produtores clamaram pela instalação urgente de indústrias transformadoras nos municípios.
Afirmaram que a falta de indústrias transformadoras tem acelerado a deterioração de grande quantidade de produtos nos campos, sobretudo, as frutícolas.
O fórum, que decorreu na Casa da Juventude local, contou com mais de 20 pequenos e médios empresários locais, que participam da Expo/Cuanza-Norte, representantes do BDA e do Instituto de Desenvolvimento Industrial e Inovação Tecnológica de Angola (IDIIA).
A 6ª edição da Expo Cuanza-Norte conta com a participação de 252 expositores das províncias de Cabinda, Namibe, Malanje, Uíge, Huambo e Luanda, para além dos 10 municípios da província.
Sob o lema “Cuanza-Norte de mãos dadas intensifiquemos a produção nacional”, a feira insere-se nas actividades comemorativas do 68º aniversário da ascensão de Ndalatando (sede da província) à categoria de cidade, comemorado a 28 de Maio. LJ/IMA/QCB