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Empresários em Benguela querem reflexos da energia solar na indústria

     Economia              
  • Benguela • Terça, 19 Julho de 2022 | 18h21
Painéis solares (Foto ilustração)
Painéis solares (Foto ilustração)
Cedida

Benguela – A classe empresarial e autoridades da província de Benguela destacam o impacto da implantação de duas centrais de energia solar, com capacidade de 285 megawatts (MW), na revitalização da indústria, sobretudo na produção de sal.

Num investimento superior a 300 milhões de euros, estes projectos de energia fotovoltaica foram adjudicados, em Março de 2021, nas localidades do Biópio e da Baía Farta, à construtora portuguesa MCA, no quadro da estratégia do Governo de produzir uma energia limpa e barata que pode ajudar a reverter os efeitos das mudanças climáticas.

Tendo uma potência instalada de 188, 8 megawatts de energia eléctrica, o suficiente para abastecer mais de um milhão de pessoas, a central fotovoltaica da comuna do Biópio, município da Catumbela, é o maior projecto de energia solar em Angola e totaliza 509 mil e 40 painéis solares.

A segunda central de energia solar, com 96 megawatts de potência para a rede eléctrica nacional, para beneficiar meio milhão de consumidores, foi construída na vila municipal da Baía Farta, numa área de 186 hectares, e contará com 261 mil e 360 módulos solares.

Falando à ANGOP, o empresário e proprietário da salina do Chamume, Manuel Rodrigues, manifestou-se optimista quanto ao futuro da indústria do sal no município da Baía Farta, acreditando que a central de energia solar terá um impacto na redução dos custos de produção.

Manuel Rodrigues vê na aposta das autoridades governamentais um bom incentivo, porquanto a energia solar vai permitir aos produtores de sal poupar recursos financeiros, gastos diariamente com combustíveis.

“A produção de sal não pode depender de geradores, porque os custos com combustíveis são altos”, referiu, afiançando que as seis salinas, instaladas na povoação do Chamume, necessitam de energia da rede pública para produzir sal de qualidade, em vez de geradores.

Para a electrificação da comuna do Chamume e alavancar a produção de sal, o empresário defende, para já, a conclusão da instalação do projecto da linha "Cidade do Sal", na Baía Farta, com uma potência de 10 Megawatts.

Com isso, a salina do Chamume, por exemplo, poderá alargar a sua produção para 350 hectares e colher mil toneladas de sal/mês, o que, a seu ver, poderá abrir caminho para exportação, para os países vizinhos, como Congo e Zâmbia.

Outros empresários do sector salineiro ouvidos pela ANGOP destacaram também os elevados custos com a aquisição de combustível como um factor que condicionou o desenvolvimento do sector e se repercurtiu no custo do produto final.

Acreditam que com a entrada em funcionamento da central fotovoltaica, outros projectos que andam paralisados há anos possam ser retomados, para que o país possa garantir a autossuficiência e começar a pensar na exportação de sal.

Quem também está optimista com a entrada em funcionamento das centrais fotovoltaicas é o administrador municipal da Baía Farta.

José Ferreira enaltece o investimento do governo e considera a energia fundamental, para atrair mais investimentos para a indústria do sal e das pescas, além de estimular o consumo doméstico.

José Ferreira olha para a central fotovoltaica da Baía Farta, com 96 megawatts de potência, como um “chamariz” para quem queira investir na localidade, nomeadamente no ramo pesqueiro, salineiro, comércio, hotelaria e serviços.

Para que isso aconteça, explicou que a central de energia solar será conectada à rede pública na Baía Farta e, se tudo correr como previsto, a energia chegará ao Chamume até finais de Agosto deste ano, com o objectivo de impulsionar a indústria do sal.

Aquele responsável garante, no entanto, que o consumo doméstico consta igualmente das prioridades do governo, daí o desafio de electrificar a comuna do Dombe Grande.

A ANGOP sabe que a meta do Governo é construir sete centrais de energia solar fotovoltaica, nas províncias de Benguela, com duas, Bié, Huambo, Moxico, Lunda Sul e Lunda Norte, totalizando 370 megawatts (MW) de capacidade instalada, num investimento superior aos 500 milhões de euros, financiados pela Agência de Promoção de Exportações da Suécia (SEK).

Desta forma, Angola juntar-se-á a países africanos com tradição na produção de energia solar, como Quénia, África do Sul, Argélia, Gana, Marrocos, entre outros.

A nível da despesa pública, a produção de energia eléctrica através de centrais solares terá como impacto a poupança de cerca de um milhão e 400 mil litros de combustível diariamente.

Hoje, estima-se que 60 milhões de pessoas usam energia solar como fonte de electricidade em África, um continente onde quase 87% das pessoas de baixa renda que vive na área rural subsaariana não tem acesso à electricidade.

 





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