Luanda - O desporto de Artes Marciais Mistas (MMA-sigla em inglês) é de fraca adesão feminina em África, devido o pendor violento, conforme participantes no Campeonato Africano, que inicia sexta-feira, em Luanda.
Palestras públicas, implementação da modalidade nas escolas, além de polítias de massificação e advogacia para o equilíbrio do género foram apontadas por especialistas como sendo o caminho para a inversão do actual quadro em África e no mundo.
A competição de luta, a disputar-se até domingo (17), no pavilhão Multiusos do Kilamba, terá também este pendor de incentivar as mulheres para um desporto que, apesar de violento, possui regras específicas e princípios como respeito ao adversário e de “fair-play”.
Sobre o assunto, a ANGOP ouviu alguns actores da prova continental cujo palco é a cidade de Luanda.
Para o técnico da Selecção Nacional da Namíbia, Carlos Sousa, o prática do MMA exige preparação aturada, fora do normal, porque o atleta tem de ter domínio de muitas outras lutas de artes marciais, por isto é considerada arte mista.
O seleccionador namibiano ressalva, no entanto, que a modalidade não é apenas violenta, esclarecendo que o atleta praticante de MMA deve ter disciplina e um excelente acompanhamento médico.
Carlos Sousa disse que por conta da fraca participação de mulheres, o conjunto namibiano não integra uma atleta sequer, acrescentando que, no total, no seu país existem apenas três atletas cujas competências desportivas não permitem ainda participar num evento de tal relevância.
“Estamos a criar mecanismo como palestras e seminário para que se possa compreender que o MMA é uma modalidade de combate semelhantes a outras, desde que praticada com sentido responsável e com treinadores qualificados”, reiterou.
A fonte disse ser objectivo em Luanda a conquista ao menos de uma medalha de ouro, igual feito protagonizado na edição anterior, decorrida na África do Sul, em 2022.
Por outro lado, o selecionador da RDC, Claude Kapay, corroborou com a opinião da fonte anterior quanto aos motivos que levam jovens raparigas a olharem para outras modalidades em detrimento do MMA.
No entanto, mostrou-se satisfeito com a estratégia em seu país de enquadrar o MMA nas escolas, de modo que o contacto com a modalidade seja feita desde a tenra idade, para perder o medo.
Formações e palestras para encarregados de edução sobre a importância da defesa pessoal também ocorrem para que se saiba que a arte marcial mista não se resume a uma modalidade de luta, transcende para a vida cotidiana.
No africano, a RDC participará com duas atletas o que já é um grade ganho para a modalidade na classe feminina.
Disse ser objectivo arrecadar o maior números de medalhas nas várias categoria inscritas.
Na mesma senda está a angolana Jovane Bonguila. De 19 anos de idade, a campeã provincial de Luanda lamentou o fraco número de mulheres na modalidade, alegadamente por ser um desporto violento.
A atleta júnior do Clube Brasilia Five, Peso Galo (61Kgs), disse que em Angola não são mais de cinco praticantes sendo isso revelador da fraca presença feminina, num país em que o desporto é generalizado.
Segundo a lutadora, por ser um desporto de muito contacto físico, o atleta de MMA precisa estar preparado ao mais alto nível, inclusive em termos psicológicos.
Reconheceu que a sua participação no africano não será fácil, tendo em conta o objectivo de medalhas perante adversárias fortes com o mesmo querer.
Bonguila está consciente de que para conseguir tal feito, a obediência técnica e táctica será crucial, fundamentalmente pelo fraco conhecimento das oponentes.
O Campeonato Africano contará com representantes de Angola (vice-campeã em título), África do Sul (detentora do título), Namíbia, Zâmbia, Nigéria, RDC, Argélia, Egipto, Ilhas Maurícias, Côte d’Ivore e Camarões.
Enquadramento:
O crescimento do MMA no sector feminino vem ganhando popularidade em toda a África nos últimos anos, embora em números ainda muito tímidos.
Alguns países africanos têm produzido talentosas lutadoras de MMA, como Rizlen Zouak (Marrocos) e Amanda Lino (África do Sul), que se destacam em competições internacionais.
As mulheres que praticam MMA em África enfrentam desafios semelhantes aos de suas colegas em outras partes do mundo, como a busca por igualdade de oportunidades, patrocínio e reconhecimento.
A organizações de MMA em todo o continente, como o Extreme Fighting Championship (EFC) na África do Sul, têm contribuído para promover este desporto e dar visibilidade às lutadoras.
Com o apoio de organizações desportivas, patrocinadores e a crescente popularidade do MMA, é esperado que o número de mulheres envolvidas continue a crescer em África, embora as fontes de pesquisas consultadas não sejam esclarecedoras em termos de quantidade.BSV/MC