Luanda - O momento atribulado vigente no desporto nacional, particularmente no futebol, belisca a boa imagem competitiva e a lisura dos resultados, factores que inibem e afastam patrocinadores no sector.
A constatação é do especialista em marketing, Yuri Simão, no quadro da suspensão da equipa de futebol do Petro de Luanda por dois anos, da Académica do Lobito, Kabuscorp com descida de divisão, e do 1.º de Agosto com o pagamento de 2.000 UCF (1 UCF equivale a kz 88).
Em entrevista quarta-feira à ANGOP, em Luanda, analisando o marketing desportivo e a presença da selecção de basquetebol no mundial da Ásia, afirmou que o actual cenário do futebol nacional diminui a qualidade do jogo e os objectivos perseguidos pelos patrocinadores.
Indicou que a suspeição de manipulação de resultados gera desconfiança, acrescentando que os principais investidores não se aproximam de eventos sem prestígio.
Reiterou que as grandes marcas escusam-se em associar os seus produtos em situações como estas registadas no Campeonato Nacional “Girabola2022-23”, considerando, no entanto, que o episódio servirá de alerta para o nível visível de facilitismo e de aliciamento.
O também promotor desportivo e cultural disse que a situação não deve inibir a Federação Angolana de Futebol (FAF) de cumprir com os regulamentos de disciplina, desde que se provem as causas.
O agente, licenciado pela FIFA, recordou tratar-se da primeira vez que clubes “grandes” do país são arrolado e penalizado pela FAF.
Trata-se de um assunto que movimenta a sociedade nacional com agentes desportivos, comentaristas e antigos praticantes a defenderem bom senso por parte da federação.
O comentarista Paulo Tomás acha que a suspensão dos clubes vai gerar desemprego e que, por conta disso, muitas famílias ficarão sem como sobreviver, enquanto o ex-atleta Manuel Jamba sugere que sejam castigados os sujeitos da acção e não às instituições.
Já o comentarista desportivo, Asner de Sandra, diz ser preciso repreender actos desta natureza, por não enaltecerem o futebol nacional, e acrescenta que o artigo 19 do Código de Ética da FIFA é claro "os clubes têm de cooperar totalmente".
"É preciso que se clarifiquem as coisas porque se não vamos diabolizar o Conselho de Disciplina e endeusar os culpados", frisou.
Recorde-se, o Petro de Luanda está impedido de competir em qualquer competição desportiva no período de dois anos, por não cumprimento do dever de colaboração a que está adstrito com a FAF no processo instaurado.
O 1º de Agosto foi sancionado por inobservância dos seus deveres para com a FAF, devendo pagar multa pecuniária, o Kabuscorp do Palanca e Académica do Lobito foram relegados para a segunda divisão.
O técnico da Académica do Lobito, Agostinho Tramagal, e o presidente do Kabuscorp do Palanca, Bento Kangamba foram penalizados com quatros anos de suspensão.JAD/MC