Harare - O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, manifestou hoje preocupação face aos relatos de ameaças e intimidações de eleitores durante as eleições presidenciais de quarta-feira no Zimbabwe, que resultaram na reeleição de Emmerson Mnangagwa.
O Presidente do Zimbabwe, Emmerson Mnangagwa, foi reeleito para um segundo e último mandato, com os resultados anunciados mais cedo que o esperado, após uma votação conturbada, mas a oposição já veio dizer que rejeita.
Observadores da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) consideram que as eleições, apesar do seu pacífico desenvolvimento, "não alcançaram os requisitos estabelecidos pela Constituição do Zimbabwe, na Lei Eleitoral", nem nos princípios da organização regional africana em vários aspectos, incluindo dificuldades no pagamento do preço do registo de candidaturas, falta de material eleitoral ou atrasos na abertura das urnas.
A isto há que somar a detenção durante a campanha eleitoral de quase 40 pessoas que se identificavam como observadores e a presença de grupos organizados de simpatizantes do Presidente acusados de pressionar o eleitorado para votar a favor de Mnangagwa.
"O secretário-geral está preocupado com a detenção de observadores e relatos de intimidação de eleitores, ameaças de violência, assédio e coerção", lamentou a porta-voz adjunta, Florencia Soto Niño-Martínez.
A reacção do Governo ao relatório inicial da SADC foi forte ao ponto de Mnangagwa ter dedicado parte do seu discurso triunfante no sábado à noite a defender-se contra as críticas.
"Algumas missões de observação ultrapassaram o seu dever ao questionar uma lei eleitoral aprovada pelo nosso próprio parlamento. As escolhas não foram feitas por mim. Limitei-me a competir", disse, durante o seu discurso, citado pelo portal New Zimbabwe.
Outros responsáveis do partido do Governo do Zimbabwe afirmaram que o relatório foi manipulado por ordem de "inimigos do país", como o Presidente zambiano, Hakainde Hichilema, para orquestrar uma mudança de poder, tendo em conta que o antigo vice-presidente daquele país Nevers Mumba é precisamente o chefe desta missão de observação.
Em resposta, a missão de observação lamenta este tipo de declarações vistas na televisão, nas redes sociais e nos jornais do país, que descreve como "grosseiras, rudes e enganosas", num comunicado adicional publicado na sua conta da rede social X, antigo Twitter. CNB/JM