Kampala - O Presidente do Uganda, Yoweri Museveni, suspendeu hoje o funcionamento do fundo europeu que apoiava o trabalho de organizações focadas na democracia e boa governação, argumentando que as verbas são usadas para subverter o trabalho do Governo.
De acordo com a agência de notícias AP, Yoweri Museveni enviou uma carta ao ministro das Finanças a ordenar a suspensão do Instrumento de Governação Democrática, um fundo apoiado por vários países europeus, argumentando que as verbas "foram usadas para financiar atividades e organizações cujo objectivo é subverter o Governo, sob o disfarce de melhorias na governação".
Museveni disse que nunca foi consultado sobre o estabelecimento do fundo com reservas em dinheiro que chegam a 100 milhões de libras e "era operado exclusivamente por uma missão estrangeira" neste país da África Oriental.
"Isto não é o financiamento de uma empresa privada, mas sim o financiamento de atores estatais e não estatais para atingirem os objetivos políticos dos financiadores no Uganda", escreveu o chefe de Estado, numa carta datada de 02 de Janeiro, na qual ordena a suspensão até que o Governo reveja o tema e instale um conselho de supervisão no qual estejam cidadãos do Uganda.
O fundo foi lançado em 2011 pela Dinamarca, Suécia, Irlanda, Áustria, Noruega, Holanda, Reino Unido e União Europeia para apoiar grupos do Governo e não governamentais que trabalham na promoção dos direitos humanos, aprofundamento da democracia e melhoria da responsabilização, e foi renovado em 2018 por um período de cinco anos.
O financiamento, cujo corte ainda não foi oficialmente informado aos gestores, funcionava no Uganda com o total conhecimento das autoridades e apoio de grupos que vão desde os observadores dos direitos humanos até agências contra a corrupção e até jornalistas de investigação, reporta ainda a AP.