Estocolmo - Após 15 anos na Suécia, Jean-Paul Micomyiza, suspeito de participar no genocídio de 1994 no Rwanda, foi extraditado pelo país nórdico e aterrou hoje em Kigali, adiantou a Procuradoria Nacional ruandesa à agência noticiosa EFE.
Num comunicado difundido na rede social Twitter, o Ministério Público do Rwanda felicitou as "autoridades judiciais do Reino da Suécia pela extradição do fugitivo do genocídio, cooperação e assistência legal mútua e pela contribuição para o esforço global contra a impunidade".
Apesar de os advogados do arguido terem argumentado que este não poderia contar com um julgamento justo no Ruanda, a justiça sueca determinou, no ano passado, que não havia razão para impedir a extradição de Micomyiza, posição replicada numa decisão recente do Governo do país.
Por seu turno, o Ministério Público ruandês acusou Micomyiza de "crimes de genocídio, cumplicidade no genocídio e crimes contra a humanidade", afirmando que integrou o "Comité de Crise" que identificava "civis tutsis para os assassinar".
Segundo o jornal local The New Times, este cidadão ruandês viveu na Suécia durante 15 anos, tendo sido detido em Novembro de 2020 no seguimento de um pedido de extradição emitido por Kigali.
As autoridades rwandesas lançaram mais de um milhar de mandados de detenção internacional contra suspeitos de participarem na matança de 1994, residentes em países de todo o mundo, como a Dinamarca, a África do Sul ou a República Democrática do Congo (RDCongo).
De acordo com dados da Procuradoria Nacional divulgados em Dezembro de 2018, apenas uma vintena destes acusados haviam sido extraditados para o Ruanda, cujo Governo é também acusado por organizações de direitos humanos de prisões arbitrárias e desaparecimentos de dissidentes.
Desde então, a justiça sueca julgou outros fugitivos pela sua participação no genocídio, como Théodore Rukeratabaro, condenado a prisão perpétua.
Na noite de 6 de Abril de 1994, foi abatido o avião em que viajavam os então Presidentes do Rwanda, Juvénal Habyarimana, e do Burundi, Cyprien Ntaryamira, ambos hutus, causando as suas mortes e desencadeando uma onda de violência contra os cidadãos de etnia tutsi.
Em cerca de cem dias, morreram pelo menos 800.000 pessoas, tanto tutsis como hutus moderados, no que é considerado um dos piores genocídios da história recente.