Bruxelas - A União Europeia apelou sexta-feira à participação de todas as partes no "diálogo nacional" que visa resolver a crise política desencadeada no Sudão após o golpe de Estado de Outubro passado, na sequência da suspensão do processo esta semana.
"Apesar de saudarmos os progressos feitos até agora, estamos preocupados com a aparente falta de vontade política por parte de algumas partes para se envolverem plena e construtivamente no processo de facilitar" uma solução, disse em comunicado um porta-voz do Alto-Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell.
A UE reiterou o seu apoio ao processo patrocinado pela ONU, União Africana (UA) e Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento na África Oriental (IGAD) e sublinhou que "qualquer atraso" no acordo, para uma transição liderada por civis, que poderia ser aceite pela comunidade sudanesa e internacional, "só irá agravar a deterioração da economia, somando-se aos já imensos desafios que a população enfrenta".
"Só a restauração de um quadro democrático gerido por uma transição civil credível poderá permitir a retoma do apoio financeiro ao Governo sudanês, incluindo o alívio da dívida", disse o porta-voz.
"Para alcançar esse resultado, é preciso criar com urgência um ambiente propício para isso. Isso exige vontade política real", acrescentou.
A UE congratulou-se com a libertação de alguns detidos políticos nas últimas semanas, mas salientou que é necessário pôr em prática outras medidas de "reforço da confiança", como o levantamento do estado de emergência e a libertação dos restantes presos políticos.
O sucesso do processo lançado pelas organizações internacionais "depende do pleno respeito pela liberdade de expressão, reunião pacífica e associação", insistiu o porta-voz, reiterando que a UE continuará a prestar apoio humanitário e outro aos sudaneses face a esta crise.
O chamado "diálogo nacional" estava previsto decorrer entre os dias 10 e 12 de Maio e deveria ser articulado em torno de um roteiro elaborado durante as consultas anteriores patrocinadas pela ONU somente em Fevereiro, e em coordenação com a UA a partir de Março.