Adis Abeba - Os rebeldes do Exército de Libertação de Oromo (OLA) acusaram hoje o Governo federal etíope de lançar uma ofensiva após as recentes negociações de paz mal sucedidas.
Odaa Tarbii, porta-voz do OLA, em declarações à AFP, disse que após o fim da primeira ronda de conversações, concluída em 03 de Maio sem progressos, "o regime lançou uma ofensiva total (...) que é contrária ao espírito de desanuviamento que esperávamos".
"Apesar de não ter havido um cessar-fogo formal, foi acordado que seria preferível uma diminuição da escalada durante o processo de negociação", acrescentou.
Com esta ofensiva, continuou, as autoridades federais estão a tentar "ganhar uma posição de força e a forçar a aceitar as suas condições".
"Mas não devem tomar o nosso empenho na paz como um sinal de fraqueza", frisou.
Com o acesso restrito à região, é impossível à AFP verificar de forma independente a situação no terreno.
Questionadas sobre o assunto, as autoridades etíopes ainda não responderam aos pedidos de comentários da AFP.
"De momento, não temos datas específicas para a próxima ronda de negociações", disse também Odaa Tarbii, e o OLA "deixa a porta aberta para continuar as negociações".
Ativo na região de Oromia, a maior e mais populosa da Etiópia que circunda a capital Adis Abeba, o OLA luta contra as autoridades etíopes desde a sua divisão em 2018 com a histórica Frente de Libertação de Oromo (OLF), a qual havia renunciado à luta armada naquele ano, quando o actual primeiro-ministro, Abiy Ahmed, chegou ao poder.
O Governo etíope e o OLA, classificado como organização terrorista por Adis Abeba desde 2021, iniciaram conversações em 25 de Abril em Zanzibar (Tanzânia), que os rebeldes descreveram como "preliminares de negociações mais profundas".
Estimada em alguns milhares de homens em 2018, a força do OLA aumentou significativamente nos últimos anos, embora observadores o considerem insuficientemente organizado e armado para representar uma ameaça real para o governo federal.
A Oromia é a região do povo Oromo e é afectada por uma violência multifacetada, o que torna a situação extremamente confusa: lutas políticas internas, disputas territoriais e animosidades entre comunidades, bem como o recente desenvolvimento do banditismo armado.AM/DSC