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RDC: ONU acusa soldados de violarem direitos humanos 231 vezes

     África              
  • Luanda • Quarta, 27 Abril de 2022 | 11h48

Kinshasa -Um documento das Nações Unidas acusa os soldados da República Democrática do Congo (RDC) de cometerem "pelo menos 231 violações" dos direitos humanos em nove meses num território em estado de sítio no leste do país.

"Ataques a pessoas e sítios protegidos", "rapto, recrutamento e utilização de crianças", violência sexual e tortura são alguns dos crimes denunciados numa "nota verbal" e 25 páginas de anexos enviados em 22 de Fevereiro ao ministro da Defesa pelo gabinete conjunto dos direitos humanos da ONU na RDC (BCNUDH), citado pela agência France-Presse (AFP).

Alguns dos factos relatados no documento são "violações do direito internacional humanitário que podem constituir crimes de guerra", considera o BCNUDH.

Os acontecimentos mencionados terão ocorrido no território de Masisi, na província do Kivu do Norte, entre a instauração do estado de sítio, me 06 de Maio de 2021 e 09 de Fevereiro de 2022.

Os seus autores, acrescenta o BCNUDH, são soldados do regimento 3410 das Forças Armadas da RDC (FARDC) que estavam então estacionados na região.

Na sua carta ao ministro da Defesa, o gabinete da ONU lamenta que "nenhuma acção tenha sido tomada para fazer parar estas violações (...) e levar os presumíveis autores à justiça".

Segundo fontes da segurança no Kivu do Norte, o regimento 3410 está actualmente destacado perto da fronteira com o Uganda, na frente contra os rebeldes do grupo M23.

O porta-voz do exército na região, tenente-coronel Guillaume Ndjike, disse à AFP não ter conhecimento das acusações contra os homens daquele regimento.

"Se tiverem de responder um dia, não haverá problema. Mas neste momento eles executam prioritariamente as ordens da hierarquia", acrescentou.

O porta-voz confirmou a partida de Masisi, mas não adiantou o motivo, que disse estar em "segredo militar".

Há um ano, o Presidente da RDC, Félix Tshisekedi, decretou o estado de sítio no Kivu do Norte e na província vizinha de Ituri, uma medida de excepção que deu poderes plenos aos militares, para tentar pôr fim à violência de grupos armados que operam no leste do país há mais de 25 anos.

 





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