Kinshasa - O julgamento de François Beya, o antigo responsável pela segurança do Presidente da República Democrática do Congo (RDCongo), Félix Tshisekedi, detido há quatro meses, deverá começar sexta-feira num tribunal militar em Kinshasa, foi quarta-feira anunciado.
O julgamento está marcado para 3 de Junho de 2022 perante o tribunal militar, em Makala, a grande prisão de Kinshasa, disse, num comunicado, o "Colectivo livre François Beya", que apoia a causa do antigo "Senhor segurança", como era conhecido.
Num documento, consultado pela agência France-Presse, o tribunal confirma que François Beya é chamado a comparecer "perante o Supremo Tribunal Militar, especializado em questões repressivas de primeiro grau" naquela data.
François Beya é acusado, juntamente com outras pessoas, de ter "criado uma conspiração contra a vida ou contra a pessoa do chefe de Estado", segundo "citação ao acusado".
Conselheiro especial do chefe de Estado da RDCongo em matéria de segurança, François Beya Kasongo, 67 anos, foi detido em 05 de Fevereiro pela Agência Nacional de Inteligência (ANR). Em 08 de Fevereiro, a Presidência congolesa afirmou que os investigadores tinham encontrado "graves indícios de acções contra a segurança nacional" contra o antigo "Senhor segurança".
Detido por dois meses nas instalações da ANR, François Beya foi transferido para Makala em 05 de Abril.
"A prisão e detenção arbitrária de François Beya Kasongo pode ser explicada, principalmente, pelo facto de que uma acusação falsa foi montada contra ele", afirmou o "Colectivo livre François Beya", considerando que o ex-chefe de segurança do chefe de Estado é "vítima de uma guerra dentro do palácio presidencial".
Segundo a mesma fonte, Beya "está a pagar pela sua investigação sobre um conflito mineiro", que envolve um assessor privado do chefe de Estado, Fortunat Biselele, e o ex-presidente da comissão eleitoral, Corneille Nangaa.
Chefe da Direção Geral de Migração sob o regime do ex-presidente da RDCongo Joseph Kabila (2001-2019), François Beya tornou-se, em 2019, o "Senhor segurança" do Presidente Tshisekedi e permaneceu neste cargo, apesar da ruptura, no final de 2020, entre Tshisekedi, o actual Presidente, e o seu antecessor, após dois anos de uma co-gestão do país conflituosa.