Kinshasa - A Missão das Nações Unidas para a Estabilização na República Democrática do Congo (MONUSCO) anunciou quarta-feira a suspensão e detenção de 'capacetes azuis' acusados de exploração e abuso sexual, anuncia a AFP.
Oito soldados da paz destacados em Beni, no leste da República Democrática do Congo (RDC), foram presos a 01 de Outubro e um oficial suspenso no dia 08, como parte de um caso de alegada exploração sexual e violência, de acordo com documentos internos da MONUSCO.
Os relatórios, consultados pela agência de notícias France-Presse, referem que os nove capacetes azuis pertencem ao contingente sul-africano da missão e podem estar envolvidos em uma "violação sistemática e generalizada" das regras da ONU.
"Soweto, Bloemfontein, Cidade do Cabo", "bordéis" com nomes evocativos de cidades sul-africanas e "bares improvisados que surgiram em frente à base da MOUNSCO em Mavivi", perto de Beni, "são usados para sexo transaccional", referem os documentos.
O relatório preliminar disse que o oficial suspenso teria "intimidado e ameaçado verbalmente" membros da ONU, após um caso que envolveu a detenção de soldados por terem frequentado bordéis, uma tentativa de fuga, confrontos e uma perseguição com elementos da Polícia Militar da ONU.
A missão indicou que "tomou medidas enérgicas em resposta a relatos de má conduta grave por parte do pessoal de manutenção da paz" na República Democrática do Congo, relacionada com "exploração e abuso sexual e outras formas graves de má conduta".
Estas medidas iniciais incluem a suspensão, detenção e confinamento do pessoal de manutenção da paz envolvido, enquanto se aguardam mais detalhes sobre estas alegações, inclusive através de uma investigação completa", de acordo com um comunicado.
As medidas apontam ainda para a "política de tolerância zero" do secretário-geral da ONU, António Guterres, neste tipo de crimes.
A MONUSCO que sublinhou garantir que todo o pessoal está comprometido com os direitos e a dignidade das vítimas, condenou o comportamento dos soldados, observando "não digno do pessoal das Nações Unidas".
O Governo da RDC tem apelado para uma "saída acelerada", a partir de Dezembro, da missão da ONU, à qual apontou, após 25 anos de presença no país, não ter conseguido pôr fim à violência dos grupos armados.
Na terça-feira, o Governo da RDC anunciou que a retirada da força regional da Comunidade da África Oriental vai ser antes da data acordada, 08 de Dezembro, alegando que não actuaram de forma eficiente.
O anúncio surgiu no meio de uma nova e intensa escalada dos combates do grupo rebelde M23, no leste da RDC, que faz fronteira com Angola, após meses de relativa calma.
Mais de 84.700 pessoas abandonaram as suas casas, desde 01 de Janeiro, e matou pelo menos 20 civis no mesmo período, indicou a ONU. GAR