Cartum - Oitenta pessoas foram mortas e muitas outras feridas num ataque de paramilitares no Estado de Sennar, no sudeste do Sudão, mais de 16 meses após o início da guerra, informou hoje uma fonte médica.
"Recebemos 55 mortos e dezenas de feridos no hospital na quinta-feira, 25 dos quais morreram hoje, elevando o número de mortos para 80", disse à agência de notícias France-Press (AFP) uma fonte médica que trabalha no hospital da aldeia de Jalgini.
"Quinta-feira de manhã, três veículos armados atacaram Jalgini, mas os moradores resistiram, fazendo com que os paramilitares se retirassem e voltassem com dezenas de veículos", disse à AFP um morador de Jalgini, enquanto carregava o filho, ferido, para o hospital.
A mesma testemunha acrescentou que "abriram fogo, queimaram as casas e mataram várias pessoas, alguns dos corpos ainda estavam espalhados pelas ruas da aldeia na sexta-feira".
Os paramilitares controlam Sinja, a capital de Sennar, desde o final de Junho.
Os combates entre o exército e os paramilitares no Estado de Sennar já deslocaram cerca de 726 mil pessoas, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
O Estado de Sennar, que já albergava mais de meio milhão de pessoas deslocadas antes dos combates, segundo a OIM, liga o centro do Sudão ao sudeste controlado pelo exército, onde centenas de milhares de outras pessoas deslocadas encontraram refúgio.
Os paramilitares controlam a maior parte da capital Cartum, o estado central de al-Jazira, a vasta região ocidental de Darfur e grandes extensões do sul do Cordofão.
Desde Abril de 2023, a guerra no Sudão opõe o exército, sob o comando do general Abdel Fattah al-Burhane, às forças paramilitares de apoio rápido (RSF) lideradas pelo seu antigo adjunto, o general Mohamed Hamdane Daglo.
O conflito levou o país à beira da fome, segundo a ONU, e provocou dezenas de milhares de mortos, com algumas estimativas que apontam para 150 mil, de acordo com o enviado dos EUA para o Sudão, Tom Perriello.
O conflito provocou também a deslocação interna de mais de dez milhões de pessoas e devastou as infra-estruturas do país.
Ambas as partes foram acusadas de crimes de guerra por terem deliberadamente visado civis e bloqueado a ajuda humanitária. GAR