Maputo - A ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação moçambicana, Verónica Macamo, manifestou confiança na eleição do seu país para o Conselho de Segurança da ONU, avaliando que a experiência na luta contra o terrorismo será uma "vantagem" a seu favor.
Em entrevista à Lusa, em Nova Iorque, onde se encontra para acompanhar as eleições para o Conselho de Segurança, a ministra Verónica Macamo destacou que os "países amigos" têm manifestado intenção em votar em Moçambique, incluindo os cinco membros permanentes - China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos da América -, que lhe ofereceram "treino e apoio prático".
"Nós estamos à boca da urna. Estamos numa fase de consolidação da campanha em prol da nossa candidatura e confiamos no que os nossos países amigos nos disseram, de que efectivamente vão apoiar Moçambique. Trabalhamos para explicar as premissas e os objectivos que temos e (...) estamos confiantes. Temos fé de que tudo vai correr bem", disse a governante.
Verónica Macamo considerou que a favor do seu país está a sua experiência no combate ao terrorismo, nomeadamente em Cabo Delgado. A província moçambicana é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
"O terrorismo é um fenómeno que deve preocupar o mundo, (...) que deve chamar a atenção do mundo para se encontrar uma forma de resolver esse problema, porque traz descontinuidades que não são internas. Vêm de fora para dentro dos países. E isso é bastante complexo e sensível. (...) Com a esperança que nós temos de estarmos a combater o terrorismo, apesar dos percalços, há alguma vantagem do nosso lado", avaliou a ministra.
Macamo frisou que a luta contra o terrorismo precisa de um esforço conjugado e que faz parte dos seus objectivos levar essa necessidade para dentro do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
"Levaremos não só a nossa experiência, mas também a prática que os terroristas usam para aterrorizar as pessoas, porque é para isso que existem, para destruir, para matar, para roubar, enfim, para fazer tudo o que é negativo, que prejudique as populações, que prejudique os países", lamentou.
Moçambique tentará já na quinta-feira substituir o Quénia na vaga do representante africano para membro não-permanente do Conselho de Segurança.
Cinco Estados-membros - Equador, Japão, Malta, Moçambique e Suíça - concorrem às cinco vagas disponíveis. Moçambique e Suíça estão entre os 62 Estados-membros da ONU - 31,9% do total de membros - que nunca fizeram parte do Conselho.
Este ano, Moçambique concorre incontestavelmente ao único lugar disponível para o Grupo Africano.
Entre os temas que pretende colocar em destaque em caso de eleição, além do terrorismo, Moçambique destacou ainda garantias de Paz e Segurança, a pirataria marítima, o tráfico de pessoas, de drogas e de órgãos humanos, o uso das tecnologias para empoderamento dos países e as questões de género.
"Estamos preocupados também com as mudanças climáticas. Temos, como Conselho das Nações, que encontrar formas mais eficazes de combater as mudanças climáticas, sobretudo os seus efeitos. Mas também temos que olhar para a biodiversidade como elemento muito importante para manter o nosso mundo habitável", defendeu.
Após uma semana de campanha a favor do seu país, Verónica Macamo assegurou que aguardará "serena" pela eleição de quinta-feira e, em função dos resultados, a "entidade máxima de Estado fará uma declaração".
O Conselho de Segurança da ONU é composto por 15 membros, cinco permanentes e 10 não-permanentes.
A eleição vai acontecer na quinta-feira na sede da ONU, em Nova Iorque.