Maputo - O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, criticou hoje o candidato presidencial Venâncio Mondlane por se ter declarado vencedor das eleições quando o apuramento estava em curso e alertou para consequências da escalada da violência.
"Enquanto estavam apurados menos de 10% dos votos declarou-se vencedor incontestável, anunciando que já tinha criado uma comissão de transição de poderes, apelando aos seus apoiantes a manifestarem-se. Onde é que se viu isto? Em que continente, em que país? Como é que se sabe antes que alguém ganhou", questionou Nyusi, enquanto falava, remotamente, a partir de Maputo, com os embaixadores moçambicanos.
Em 10 de Outubro, dia seguinte às eleições gerais, o candidato presidencial Venâncio Mondlane declarou-se vencedor das eleições, alegando os resultados das actas e editais processados pela sua candidatura.
Na intervenção de hoje, o chefe de Estado insistiu num apelo à "calma e à obediência pela lei", face às manifestações violentas da última semana, que sublinhou já terem provocado ferimentos, alguns com gravidade, a "mais de 60 polícias".
Apelou à comunidade internacional, nomeadamente "aqueles que se dizem amigos de Moçambique" a "colaborarem com os moçambicanos de bem", reconhecendo que investidores têm demonstrado inquietação com a situação actual do país.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique anunciou na quinta-feira a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição a Presidente da República de 09 de Outubro, com 70,67% dos votos.
Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, extraparlamentar), ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas afirma não reconhecer estes resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.
A Frelimo reforçou ainda a maioria parlamentar, passando de 184 para 195 deputados (em 250), e elegeu todos os 10 governadores provinciais do país. MOY/JM