Juba - Mais de 2,6 milhões de sul-sudaneses, quase um quarto da população, foram afectadas por inundações que atingiram o país nos últimos quatro anos, segundo um relatório conjunto das Nações Unidas (ONU) e de uma comissão governamental divulgado hoje.
O documento, realizado entre Outubro e Novembro de 2022, revela que "as cheias tiveram um impacto catastrófico" em todos os dez estados que formam o país, um dos mais pobres do mundo.
A nação mais jovem do mundo, que ganhou a independência em relação ao Sudão em 2011, tem sofrido inundações regulares desde 2017 causadas por chuvas torrenciais que mataram pelo menos 172 pessoas, de acordo com o relatório.
"Estradas e pontes foram arrastadas, instalações de saúde abandonadas ou destruídas, colheitas e pastagens submersas, famílias devastadas e pais separados dos seus filhos", disse Manase Lomole Waya, presidente da Comissão de Socorro e Reabilitação (SSRRC).
Depois de conquistar a independência, o Sudão do Sul mergulhou numa guerra civil entre apoiantes de dois inimigos, Riek Machar e Salva Kiir, que deixou quase 400.000 mortos e milhões de deslocados entre 2013 e 2018.
Um acordo de paz assinado em 2018 prevê o princípio da partilha do poder num Governo de unidade nacional com Kiir como presidente e Machar como vice-presidente.
Até Julho, mais de 7,7 milhões de pessoas de uma população estimada em 12 milhões estão em risco de insegurança alimentar aguda, alertaram três agências da ONU (FAO, UNICEF, PAM) em Novembro de 2022, um nível nunca alcançado nem mesmo durante a guerra civil.
O país ocupa a 191.ª e última posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e tem uma das taxas de alfabetização mais baixas do mundo (35% em 2018, de acordo com o Banco Mundial).
A ONU e a comunidade internacional acusam regularmente os líderes do Sudão do Sul de manterem o 'status quo', de alimentarem a violência, de suprimirem as liberdades políticas e de desviarem fundos públicos. AM/CS