Nova Iorque - O julgamento do antigo ministro das Finanças moçambicano Manuel Chang sobre o seu papel no caso das dívidas ocultas de Moçambique começa hoje, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, avançou a agência de notícias Bloomberg.
Uma organização não-governamental anticorrupção, o Centro de Integridade Pública (CIP) de Moçambique, que tem acompanhado o caso, tinha anteriormente avançado que Manuel Chang começaria a ser julgado em 29 de Julho, coincidindo com o período da campanha eleitoral para as eleições gerais moçambicanas, marcadas para Outubro.
A agência de notícias financeiras Bloomberg noticia, citada pelo site Notícias ao Minuto, contudo, que Chang enfrentará já hoje o inicio do julgamento, sem revelar fontes.
Chang está preso em Nova Iorque desde Julho de 2023, depois de ter sido extraditado da África do Sul.
O antigo ministro moçambicano, que é acusado de conspiração de fraude e envolvimento num esquema de lavagem de dinheiro, enfrenta até 30 anos na prisão se for condenado.
O Governo dos EUA defende que o projecto do Sistema Integrado de Monitorização e Protecção (SIMP) do espaço marítimo moçambicano, que deu origem às dívidas ocultas, não foi pensado pelo Governo moçambicano nem concebido para proteger o espaço marítimo de Moçambique.
A acusação diz que é um projecto de "fachada criado pelos réus e co-conspiradores para ganhar dinheiro".
Ainda de acordo com a acusação, os "co-conspiradores desviaram parte desses valores (de empréstimos) para efectuar pagamentos de subornos e comissões, utilizando o sistema financeiro norte-americano através de transacções através de contas bancárias nos Estados Unidos, incluindo pelo menos cinco milhões de dólares (4,6 milhões de euros) para o arguido Manuel Chang através do Distrito Leste de Nova Iorque".
O ex-ministro das Finanças rejeita todas as acusações e aponta o actual Presidente, Filipe Nyusi, à data ministro da Defesa, como sendo quem o mandou assinar as garantias bancárias que viabilizaram as dívidas ocultas, de acordo com o CIP de Moçambique.
Chang foi ministro das Finanças de Moçambique durante a governação de Armando Guebuza, entre 2005 e 2010, e terá avalizado dívidas de 2,7 mil milhões de dólares secretamente contraídas a favor da Ematum, da Proindicus e da MAM, empresas públicas referidas na acusação norte-americana, alegadamente criadas para o efeito nos sectores da segurança marítima e pescas, entre 2013 e 2014. JM