Benguela – Pais e professores de crianças com autismo na província de Benguela participaram, este sábado, num workshop de capacitação sobre como identificar o Transtorno do Espectro Autista (TEA), apurou a ANGOP.
Com o tema “Autismo e suas causas”, a acção de formação foi promovida pelo projecto “Florescendo Vidas”, com o objectivo de capacitar as famílias e professores a lidarem com o desenvolvimento de crianças com TEA no dia-a-dia.
Em declarações à ANGOP, a psicóloga clínica e coordenadora do aludido projecto, Laurinda Dala Fuxi, disse que o evento visa ajudar os participantes quer a identificar os sinais do autismo, quer a estimular a cognição das crianças, através de terapias lúdicas diárias.
Segundo ela, à medida que são estimuladas, elas tornam-se mais independentes, sobretudo na comunicação, que é o maior obstáculo na vida dos pequenos com transtorno neurológico de desenvolvimento.
Mais do que informar a sociedade sobre o autismo, a psicóloga clínica aponta como foco orientar os familiares e educadores sobre como trabalhar no dia-a-dia com essas crianças e encaminha-las aos profissionais indicados.
“Elas têm dificuldades porque desenvolvem rigidez cognitiva”, explicou. E sugere que estimulando constantemente a sua autonomia é a melhor forma para que a aprendizagem delas seja mais flexível na recepção do conhecimento.
Na prática, referiu, os participantes apreenderam técnicas de como ensinar uma criança autista a manter o contacto visual e a obedecer comandos.
Todavia, considera que comportamentos sociais como estes , aliado à comunicação, são difíceis para elas, por conta da rigidez cognitiva
Daí esperar que essas técnicas ajudem os professores a realizar as suas actividades lectivas no dia-a-dia e proporcionar melhor qualidade de ensino às crianças autistas.
“O projecto é sem fins lucrativos e temos a ideia de capacitar professores e as famílias como podem trabalhar com as crianças com transtorno de neuro desenvolvimento”, frisou.
Na opinião da especialista, as crianças autistas merecem o mínimo de assistência possível da parte dos pais, não obstante que, muitas das vezes, as famílias sentem-se perdidas, "sem saber onde bater portas para ajudar os filhos".
“Florescendo Vidas”
O “Florescendo Vidas” é um projecto social e sem fins lucrativos, que surgiu da necessidade de informar a sociedade sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e também ajudar o Estado no diagnóstico e tratamento das crianças afectadas por essa condição e, por vezes, marginalizadas.
Laurinda Dala Fuxi deplora a banalização de crianças autistas e que apresentam comportamentos atípicos, daí a existência do projecto para mudar a visão esteriotipada da sociedade.
No fundo, elucidou, o projecto é resultado da ideia de vários psicólogos e profissionais de outras áreas, na tentativa de ajudar a sociedade angolana a lidar melhor com o autismo, tendo em vista a integração do indivíduo com TEA. JH