Luanda - A educação das crianças e da jovem mulher como factor de empoderamento para uma sociedade equitativa e inclusiva, foi discutida nesta sexta-feira, em Luanda, numa mesa redonda enquadrada na campanha "Somos Todos Iguais".
A campanha, lançada hoje, visa contribuir para a eliminação das disparidades do género, através da educação, equidade e oportunidades de aprendizagem para todos, no âmbito da campanha da Organização das Primeiras-Damas Africanas para o Desenvolvimento (OAFLAD), originalmente formada como Organização das Primeiras-Damas Africanas contra o VIH/SIDA.
A iniciativa, promovida pela Primeira-Dama de Angola, Ana Dias Lourenço, assenta em quatro pilares, concretamente da saúde, educação, empoderamento económico e violência baseada no género.
A mesa redonda serviu para a partilha dos desafios e experiências de distintos países, tendo como foco as políticas para o empoderamento da jovem rapariga.
Convidada a falar sobre o tema, a primeira-dama de Cabo Verde, Débora Katisa Carvalho, referiu que a imagem da mulher africana está muito associada aos trabalhos domésticos ou do campo.
Disse, entretanto, que essa interpretação tem mudado ao longo do tempo, tendo em conta a educação que joga um papel importante como elevador social.
Por sua vez, a antiga primeira-dama da Namíbia, Monica Geingos, fez menção a reconstrução da arquitectura e mudança de consciência social.
Monica Geingos chamou ainda atenção a grande responsabilidade do sector da educação, no combate a violência, facto que o seu país implementa com a criação de escolas seguras contra a violência e o bullying.
A antiga primeira-dama avançou ainda que dos esforços feitos, cerca de 75 por cento dos recém licenciados são mulheres, demonstrando, assim, a equidade de género nas oportunidades.
Já a quadro sénior do Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, Santa Ernesto, fez uma abordagem sobre as políticas desenvolvidas pelo Executivo angolano, tendo como referência os programas educacionais, saúde reprodutiva e financeiros, que têm benefíciado um número considerável de famílias.
Num outro painel, que juntou a primeira-dama da Serra Leoa, Fátima Bio, a directora do Hospital Azancot de Menezes, Manuela Mendes, e o director do Instituto Nacional da Criança, Paulo Kalese, abordaram sobre "a saúde sexual e reprodutiva dos jovens no combate à violência baseada no género".
Neste quadro, os intervenientes fizeram uma abordagem sobre as políticas no que diz respeito ao tema, bem como as mudanças executadas a nível destes países.
Fátima Bio disse que a situação no seu país deixou de ser tabu, sendo o assunto já abordado a nível das escolas na Serra Leoa.
Já a directora do Hospital do Azancot de Menezes, referiu que no últimos anos tem seguido mais de 900 crianças, violadas por pessoas próximas, que acabam por sofrer intervenções cirúrgicas profunda que mutilam a vida das menores.
Assim sendo, chamou atenção a reflexão quanto a legislação e sobretudo na educação sexual nas escolas.
O director Paulo Kalessi referiu que a instituição que dirige tem se preocupado com o direito da criança, tendo feito referência à adopção de instrumentos internacionais para esse fim.
O responsável fez ainda referência as histórias reais que chegaram ao conhecimento da sociedade, envolvendo menores abusados por familiares.
Por isso, o dirigente pediu a revisão da legislação, para o aumento da penalização aos prevaricadores.
Durante o certame foi abordado o tema sobre o "Direito e boas práticas para construção social da igualdade de género", tendo os intervenientes defendido a necessidade de adopção de medidas concretas, com realce a educação para igualdade de género. ANM/OHA