Washington - Na movimentada Times Square, no centro de Manhattan, centenas de pessoas aguardam ansiosamente com os olhos postos nos ecrãs gigantes, acompanhando ao minuto a contagem dos votos para as presidenciais norte-americanas à medida que as urnas vão encerrando.
Entre a multidão estão eleitores democratas e republicanos, mas também turistas de diferentes nacionalidades, evidenciando a importância destas eleições para todo o mundo.
Paul, um republicano da Carolina do Norte de visita a Nova Iorque, admitiu à Lusa que está confiante na vitória do ex-presidente, Donald Trump, em quem votou por ser "um grande homem, que mantém a sua palavra".
"Estou otimista que farei a festa da vitória de Trump esta noite aqui, em Nova Iorque. É diferente estar aqui, com toda esta gente, mas será uma noite de festa", disse o eleitor de 46 anos, reformado.
Da Virgínia para Nova Iorque veio Kevin, um segurança de 39 anos cujas principais preocupações são "a sua conta bancária e conseguir pagar as compras para a casa". Por isso, votou no candidato republicano.
"Já tivemos quatro anos de Trump na Casa Branca e foi simplesmente fantástico. Quero mais quatro e estou confiante de que os terei", frisou.
"Mas se a Kamala vencer irei trabalhar amanhã, como num dia normal. Nada vai mudar. Apenas estarei um pouco mais triste e certamente que passarei mais quatro anos com dificuldades financeiras", reclamou o republicano.
A pouca distância da Times Square, dois arranha-céus de Nova Iorque - o Empire State Building e o Rockefeller Center - foram nesta terça-feira iluminados com as cores da bandeira dos Estados Unidos por ocasião das eleições presidenciais.
Enquanto as percentagens de votos retinham a atenção da maioria dos eleitores, um grupo de manifestantes pró-Gaza encheu uma das vias da Times Square, rodeado por um forte dispositivo policial.
O descontentamento de parte do eleitorado norte-americano face ao apoio incondicional dos Estados Unidos a Israel ameaça ter repercussão nos resultados eleitorais, com milhares de ativistas a garantirem que não irão votar em Kamala Harris por causa do seu contínuo apoio a Telavive, direccionando o seu voto para candidatos independentes.
Essa insatisfação tem sido visível desde as eleições primárias, no início do ano, quando milhares de democratas decidiram votar em branco, em protesto pela forma como o atual Governo tem apoiado Israel.
Thomas Piercy, um músico de 67 anos, esteve na Times Square em 2008, quando Barack Obama foi Presidente. Hoje, espera que seja Kamala Harris a fazer história.
O eleitor democrata, que vive a dois quarteirões da Times Square, contou à Lusa que é homossexual, casado com um imigrante, e teme que um eventual novo Governo de Trump lhe retire direitos.
"Tento estar optimista, mas sei que vai ser uma eleição muito renhida. A minha prioridade neste momento não é que Kamala repare qualquer problema, mas sim que ela mantenha Trump afastado da Casa Branca e que garanta a igualdade de direitos", disse.
"Num Governo de Trump, os direitos dos imigrantes, mesmo dos que estão cá legalmente, como é o caso do meu marido, podem ser atirados pela janela", defendeu Thomas, temendo que o seu parceiro venha a sofrer algum tipo de consequência sob uma nova administração do magnata republicano.
O músico assumiu não ter dúvidas de que Donald Trump declarará vitória mesmo se perder, mas está otimista que "o sistema funcionará e ele não conseguirá pôr esse plano em prática".
Em Nova Iorque, foi Kamala Harris quem venceu as eleições presidenciais. No entanto, a nível nacional, a contagem ainda continua.CS