Lubango - O presidente da Igreja Evangélica Sinodal de Angola (IESA), pastor Dinis Marcolino Eurico, ressaltou hoje, quinta-feira, a criação da Comissão para Implementação do Plano de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP) como um dos maiores ganhos dos 23 anos de paz em Angola.
Para o responsável da segunda maior igreja evangélica de Angola, a seguir a IECA, a CIVICOP está a promover uma sociedade inclusiva e mais reconciliada.
É um orgão que foi criado em 2019, por orientação do Presidente da República, João Lourenço, com vista a elaborar um plano geral de homenagens às vítimas dos conflitos políticos que ocorreram em Angola, entre 11 de Novembro de 1975 a 04 de Abril de 2002.
Em entrevista à ANGOP, no âmbito dos 23 anos de Paz e de Reconciliação Nacional (4 de Abril), o reverendo Dinis Eurico realçou que a iniciativa “foi um passo importante para a cura das feridas do passado e promoção da consolidação e da paz no país”.
Sublinhou que no contexto da reconciliação nacional, “o acto de enterrar condignamente um ente-querido tem um grande valor para a família, tanto nos aspectos emocional, social e espiritual, pois dá dignidade e respeito”.
Para o pastor, é uma política que ajuda a concretizar o processo de luto e aceitação da perda, preservação da memória, justiça, reparação histórica e para as vítimas de conflitos políticos “é um passo essencial para restaurar a dignidade e promover a paz”.
Saudou o Presidente João Lourenço pela "coragem e compromisso do Estado, com a justiça, com a verdade e com a Unidade Nacional", pois a guerra trouxe mágoas, dividiu famílias por opções políticas, mas a igreja trabalhou e trabalha para a paz, para a reconciliação sem olhar para a opção política.
“Estou grato a Deus e ao Presidente Lourenço que publicamente veio pedir desculpas e trazer essa coisa de CIVICOP, um movimento de reconciliação muito importante, porque a guerra trouxe as pessoas muitas mágoas, famílias divididas só porque um é da FNLA, o outro é da UNITA ou do MPLA , isso foi muito forte”, manifestou o pastor que dirige a igreja, que para além de Angola, está em outros 14 paíes.
O plano de reconciliação em memória às vítimas de conflitos políticos prevê, entre outras questões, a emissão de certificados de óbito e a construção de um memorial único para todas as vítimas dos conflitos registados no País.
O dia da Paz em Angola é assinalado a quatro de Abril, marca a assinatura do memorando de entendimento em 2002, que pôs fim a décadas de conflitos armados internos.
Este dia é uma comemoração da paz e da reconciliação entre o MPLA e UNITA, principais partidos do país, a data foi instituída como feriado nacional e é uma referência histórica importante na luta do povo angolano pela dignidade e construção de uma sociedade próspera. BP/MS