Luanda - O MPLA desmentiu, esta segunda-feira, em Luanda, a existência de negociações entre dirigentes do partido e a direcção da UNITA sobre uma hipotética transição política em Angola.
Em conferência de imprensa, o secretário do Bureau Político do MPLA para os assuntos Políticos Eleitorais, João de Almeida de Azevedo Martins "Jú Martins", afirmou que a informação teria sido dada pelo líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior.
"Além de grave, a afirmação está eivada de qualquer pingo de verdade, pois o poder não se negoceia, conquista-se", expressou.
Considerou as supostas afirmações de Adalberto da Costa Júnior como meramente “gratuitas” e apelou ao presidente da UNITA a ser mais responsável nas suas abordagens.
O dirigente do MPLA confirmou ter mantido um encontro informal, em Maio deste ano, com o líder da UNITA, a pedido deste, sob intermediação do presidente do grupo parlamentar do MPLA, Virgílio de Fontes Pereira, sem, no entanto, ter sido aflorada alguma vez a questão de transição.
"O encontro foi uma iniciativa do presidente da UNITA, que queria falar comigo, e nós não tínhamos mandato nenhum para tratar de negócios de transição, nem doutra forma, porque o poder não se negoceia, mas sim conquista-se (...)", sublinhou.
Adiantou que nesse encontro, realizado numa das unidades hoteleiras da capital do país, nem sequer sabiam da agenda, reforçando que para tratar desse tipo de questões teriam de ter o aval da direção política e do líder do partido.
Segundo o dirigente do MPLA, no encontro com Adalberto da Costa Júnior, este fez uma pergunta directa 'se teríamos de viver num país que fosse governado por ele", notando que havia da parte do actual presidente da UNITA a predisposição de vencer as eleições gerais.
Jú Martins revelou, a propósito, ter sido criada uma falsa ideia de que a oposição, em particular a UNITA, estaria em boas condições para vencer o pleito eleitoral de 24 de Agosto.
De acordo com o político, tal resultou, em parte, do facto de, em finais de 2019, 2020 e grande parte de 2021, o MPLA, por respeito às disposições legais que determinavam o confinamento e a não realização de actos públicos de massa, ter realizado poucas actividades notórias do género.
Adiantou que tão logo se levantaram essas restrições, "foi notória a capacidade de mobilização, veiculação da mensagem que MPLA tem e nunca havia perdido".
Falsas sondagens
Por outro lado, revelou terem alertado o líder da UNITA de que não era prudente fazer publicações de falsas sondagens que não tinham ficha técnica e nenhum elemento de sustentabilidade científica a apontar para um desempenho vantajoso da UNITA.
Quanto à questão da presença de eleitores falecidos no ficheiro dos cidadãos maiores, o secretário da BP do MPLA para os assuntos Políticos Eleitorais observou que a questão da publicação dos cadernos eleitorais e a eliminação dos mesmos é um falso elemento empolado para se tentar desacreditar o processo eleitoral.