Paris - O Presidente francês, Emmanuel Macron, quer que a Europa e os EUA forneçam rapidamente até 5% das suas reservas de vacinas contra a covid-19 aos países em desenvolvimento que iniciam os seus programas de imunização.
Numa entrevista ao jornal Financial Times, hoje divulgada, Macron lembrou que alguns países da África estão a comprar vacinas ocidentais, como a AstraZeneca, a "preços astronómicos", duas ou três vezes acima do que os europeus pagam, levando-os a ponderar a compra de vacinas chinesas e russas.
No dia da reunião virtual do G7 (o grupo dos países mais industrializados) sob a presidência do Reino Unido e dedicada à colaboração global na área da saúde, o Presidente francês explicou a relevância de uma estratégia abrangente e de uma distribuição justa de vacinas, no combate à pandemia.
"O que está a suceder é uma aceleração sem precedentes, e politicamente insustentável, da desigualdade global, porque dá lugar a uma guerra de influências pelas vacinas", disse Macron, acrescentando que é crucial que as empresas farmacêuticas transfiram tecnologia para o exterior, para acelerar a produção global de vacinas e para que haja transparência de preços.
"As nossas campanhas de vacinação não vão mudar, mas cada país (europeu) deve reservar um pequeno número das doses que tem para fornecer dezenas de milhões, muito rapidamente (aos países africanos)", concluiu o líder francês, que disse ter falado sobre o assunto com a chanceler alemã, Angela Merkel.
Os Estados Unidos já anunciaram que não doariam vacinas contra a covid-19 aos países em desenvolvimento até que suprimentos suficientes estivessem disponíveis para a sua população, enquanto o Reino Unido prometeu doar a maior parte do seu excedente às regiões mais pobres.
O Reino Unido já assinou contratos para a compra de mais de 400 milhões de vacinas, de diversas empresas farmacêuticas, pelo que existe a expectativa de sobras depois de toda a população adulta ter sido vacinada.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.441.926 mortos no mundo, resultantes de mais de 110,2 milhões de casos de infecção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de Dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.