Nova Iorque - O secretário-geral da ONU, António Guterres, considerou na quarta-feira "totalmente inaceitável" o ataque israelita contra uma escola do organismo em Gaza, que causou pelo menos 14 mortos, apelando ao "fim das violações dramáticas do direito humanitário internacional", segundo noticiou a agência Efe
"O que está a acontecer em Gaza é totalmente inaceitável. Uma escola que se tornou abrigo para cerca de 12.000 pessoas foi novamente atingida por ataques aéreos israelitas de quarta-feira. Seis dos nossos colegas da UNWRA estão entre os mortos", frisou, numa publicação na sua conta na rede social X.
O diplomata português frisou ainda que "estas violações dramáticas do direito humanitário internacional precisam de parar agora".
O ataque aéreo israelita contra a escola al-Jaoun, uma das muitas em Gaza dirigida pela agência da ONU para os palestinianos (UNWRA), no campo de refugiados de Nuseirat, no centro de Gaza, causou pelo menos 14 mortos, incluindo duas crianças e uma mulher, segundo fontes dos hospitais de Awda e al-Aqsa Martyrs citadas pela agência Associated Press (AP).
Pelo menos 18 outras pessoas ficaram feridas, acrescentaram.
Os militares israelitas disseram que visaram militantes do Hamas que planeavam ataques desde dentro da escola.
As escolas de Gaza estão cheias de dezenas de milhares de palestinianos deslocados das suas casas devido às ofensivas israelitas e ordens de evacuação.
Israel bombardeia frequentemente escolas, referindo que estão a ser utilizadas pelos militantes do Hamas e culpa o movimento islamita palestiniano pelas vítimas civis causadas pelos ataques, apontando que os combatentes estão escondidos em bairros residenciais densos.
Mais de 90% dos edifícios escolares de Gaza foram severamente danificados em ataques, e mais de metade das escolas que alojaram as pessoas deslocadas foram atingidas, de acordo com um inquérito de Julho do Education Cluster, que concentra vários grupos de ajuda liderados pela Unicef e Save the Children.
O secretário-geral da ONU criticou também na quarta-feira, em entrevista à agência Efe, a "sabotagem diária" de Israel à solução de dois Estados.
Guterres lamentou ainda a "distorção permanente" das suas palavras por parte das classes política israelitas para fazer parecer que apoia o movimento islamita palestiniano Hamas.
Para o português, a forma como Israel conduz a guerra em Gaza é "completamente inaceitável, com um nível de morte e destruição que não tem paralelo" desde que é secretário-geral da ONU, cargo que ocupa desde 2017 e no qual teve para gerir também a guerra na Ucrânia.
À guerra em Gaza junta-se o que está a acontecer na Cisjordânia, "com a tomada de terras (palestinianas) e a construção de colonatos", acontecimentos que segundo Guterres constituem
"uma sabotagem diária da necessária solução de dois Estados", um israelita e outro palestiniano, posição que tem sido invariável no seio da ONU desde há várias décadas, com um consenso quase unânime na comunidade internacional.
O conflito na Faixa de Gaza foi desencadeado por um ataque sem precedentes do Hamas em solo Israelita, em 07 de Outubro, onde deixou cerca de 1.200 mortos e levou mais de duas centenas de reféns.
Desde então, Israel encetou uma ofensiva em grande escala no território palestiniano, que já matou mais de 41 mil pessoas, na maioria civis de acordo com as autoridades locais controladas pelo Hamas, além de ter provocado um desastre humanitário e desestabilizado todo o Médio Oriente.CQ/CS