Redução da taxa de juros estimula aumento de investimentos - economista 

     Economia              
  • Luanda • Terça, 04 Outubro de 2022 | 16h22
Taxa de juros poderá motivar empresários a aumentar seus investimentos no país (Foto ilustração)
Taxa de juros poderá motivar empresários a aumentar seus investimentos no país (Foto ilustração)
Morais Silva

Luanda – A diminuição da taxa básica de juros (Taxa BNA) de 20% para 19,5%, anunciada recentemente pelo Banco Nacional de Angola, poderá motivar os empresários a aumentar os seus investimentos na economia nacional, afirmou esta terça-feira, em Luanda, o economista José Lumbo. 

 Em declarações à ANGOP, o especialista em Mercado de Capitais e Finanças Públicas justificou a sua afirmação pelo facto da redução da Taxa BNA sinalizar o curso da política monetária do país, tornando a obtenção de liquidez no Mercado Monetário Interbancário (MMI) mais barato.  

Apesar da Taxa BNA “não ser a que se cobra aos investidores para a obtenção de financiamento dos seus projectos”, a fonte esclareceu que, com a redução desta variável, espera-se que as demais taxas de juros do sistema financeiro angolano sigam o mesmo comportamento, impactando positivamente os investimentos na economia.  

Com isso, avançou, o custo de obtenção de liquidez no MMI poderá permitir os bancos comerciais repassarem este dinheiro à economia a um custo mais baixo, por via do crédito bancário.   

“Tecnicamente, as equações macroeconómicas ilustram-nos que a taxa de juros tem uma relação inversa com o investimento, ou seja, a medida que a taxa de juros baixa espera-se um aumento dos investimentos e vice-versa”, clarificou.  

Segundo José Lumbo, a diminuição da taxa de juros apontada pelo Banco Central representa a indicação de uma política monetária expansionista, que tem, entre vários objectivos,  aumentar a liquidez na economia e estimular o consumo.  

Além da diminuição da taxa básica de juros, o Comité de Política Monetária (CPM) do BNA decidiu também reduzir a taxa de juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez de 23% para 21%. 

A propósito, o especialista considera que essa medida trás como vantagem a redução dos custos de obtenção de liquidez dos bancos comerciais junto do BNA, o que também poderá ser repassado aos agentes económicos não-bancários a custos reduzidos, via crédito bancário, por exemplo.  

O economista define a Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez como um dos instrumentos de política monetária utilizado pelo Banco Central, com o propósito de restringir ou expandir a massa monetária.  

“O BNA é o credor de última instância dos bancos comerciais, ou seja, quando os bancos comerciais não conseguem liquidez no Mercado Monetário Interbancário para honrar os seus compromissos, recorrem ao Banco Central, podendo optar nas Facilidade de Cedência de Liquidez, cuja taxa é a mais alta, representando uma taxa punitiva”, esclareceu. 

Entre outras medidas saídas da 107ª reunião ordinária do Comité de Política Monetária, realizada a 26 de Setembro último, o BNA decidiu ainda manter a perspectiva da taxa de inflação abaixo da previsão inicial de 18%, até o final do ano em curso, caminhando para o objectivo de um dígito no médio prazo. 

De acordo com o BNA, a aplicação das respectivas medidas é pela consistência do abrandamento dos preços na economia nacional, resultado do contínuo e rigoroso controlo da liquidez, da apreciação do kwanza em relação às principais moedas utilizadas nas transacções com o exterior e do aumento da oferta de bens essenciais de amplo consumo.  

Além do ambiente interno, o Banco Central adianta que as decisões tomadas tiveram em consideração o contexto externo e os riscos inerentes, dada a exposição da economia angolana ao sector petrolífero e ao peso dos bens alimentares importados no cabaz de oferta ao mercado interno. 





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