Zurique - A multinacional suíça intermediária de matérias-primas Glencore anunciou esta segunda-feira que vai pagar 180 milhões de dólares à República Democrática do Congo (RDC) como indemnização pelos actos de corrupção cometidos pelo grupo entre 2007 e 2018 neste país.
De acordo com a agência de informação espanhola, a Efe, que cita a multinacional, o pagamento vai abranger todos os actos ilegais praticados pela Glencore durante este período, não havendo lugar a mais nenhum desembolso.
O processo já estava em investigação pela Justiça norte-americana e pelos homólogos no Brasil e no Reino Unido, e surge na sequência do acordo alcançado em Maio com a Justiça destes três países.
Na época, a Glencore aceitou várias multas avaliadas em 1,5 mil milhões de dólares, reconheceu o pagamento de subornos em diferentes países africanos e aceitou a supervisão independente das suas operações no continente.
No entanto, há ainda processos em curso nos Países Baixos e na Suíça relativamente às operações que a empresa detém em vários países africanos.
A Glencore já tinha sido condenada, no princípio de Novembro, por um tribunal britânico a pagar 280 milhões de libras (cerca de 320 milhões de euros), por actos de corrupção em África, num julgamento sem precedentes.
A investigação do Reino Unido, iniciada em 2019, permitiu descobrir que a Glencore, por intermédio de funcionários e agentes, pagou mais de 28 milhões de dólares (cerca de 27,8 milhões de euros ao câmbio actual) para obter acesso preferencial ao petróleo na Nigéria, Camarões, Costa do Marfim, Guiné Equatorial e Sudão do Sul.
Grandes somas de dinheiro eram transportadas em jactos particulares e os actos de corrupção eram tolerados mesmo nos círculos mais altos da empresa.
No total, a Glencore, que se declarou culpada e admitiu factos "indesculpáveis", terá que pagar 280 milhões de libras.
Este montante inclui nomeadamente 93 milhões de libras (106 milhões de euros) de "confisco" de bens obtidos ilegalmente, um valor recorde para este tipo de sanção, e 183 milhões de libras (209 milhões de euros) de multa, bem como o reembolso de custas judiciais.
A empresa, que também possui inúmeras minas de cobre e carvão, anunciou em Maio que havia firmado acordos com autoridades do Reino Unido, Estados Unidos e Brasil por actos de corrupção na África e na América do Sul e manipulação dos mercados de petróleo.
A empresa disse então que planeava pagar 1,02 mil milhões de dólares (963 milhões de euros) nos Estados Unidos e 40 milhões de dólares (37,7 milhões de euros) no Brasil, mas o valor das multas a serem pagas no Reino Unido ainda não tinha sido fixado.