Kinshasa - O Presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu este sábado que a República Democrática do Congo (RDC) não deveria ser um "despojo de guerra", condenando o conflito que abala o leste do país, que está actualmente a combater o exército congolês.
"A RDC não deve ser um despojo de guerra. A desordem a céu aberto da RDC deve parar. Não deve haver pilhagem, nem balcanização, nem guerra", disse Emmanuel Macron em Kinshasa, numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo congolês, Félix Tshisekedi, como parte da sua visita por África esta semana.
O Presidente francês apoiou, assim, a "integridade" da RDC, mas advertiu que França não tem "uma solução por si só" dado que "a solução reside num despertar colectivo".
Falando sobre o Movimento 23 de Março (M23) - que conquistou grandes territórios durante o ano passado na província rica em minerais do nordeste Quivu do Norte, situação que o governo congolês associa ao Rwanda -, Emmanuel Macron vincou que o Eliseu tem sido "muito claro quanto à condenação do M23 e dos seus apoiantes".
"Denunciamos e condenamos", salientou o líder francês, sem anunciar sanções como exige a RDC para o Rwanda, mas exortando as partes "a assumirem a responsabilidade".
Desde o reinício dos ataques do M23 em Março de 2022, após vários anos sem tensões, o grupo ocupou áreas e locais estratégicos e o medo da violência forçou mais de meio milhão de pessoas a abandonar as suas casas, de acordo com as Nações Unidas.
Os avanços dos rebeldes coincidem com a escalada das tensões entre a RDC e o Rwanda sobre a alegada colaboração ruandesa com o M23, o que este país sempre negou, apesar de pelo menos dois relatórios das Nações Unidas confirmarem a cooperação.
Os presidentes da França e da República Democrática do Congo anunciaram que esperam para terça-feira uma declaração "de todas as partes em conflito" de um novo cessar-fogo nos combates entre o exército congolês e o movimento rebelde M23.
Emmanuel Macron chegou sábado à RDC no âmbito de uma viagem à África, sendo este país uma das principais paragens da sua deslocação.
O Presidente da RDC, Félix Tshisekedi, pediu ao seu homólogo europeu mais pressão para acelerar um processo de paz, que Macron prefere deixar por agora nas mãos das instituições regionais africanas.
O leste do país tem sido palco de combates durante meses entre o exército congolês e o grupo rebelde. Os combates deixaram mais de 600 mil pessoas deslocadas e geraram uma crise diplomática entre a RDC e o vizinho Rwanda, que negou acusações de alegadas ligações com os rebeldes.