Ganda - Moradores da sede municipal da Ganda, na província de Benguela, manifestaram, esta quarta-feira, o seu descontentamento pelo facto da urbe estar constantemente sem energia eléctrica.
A ANGOP apurou que a sede do município encontra-se às escuras há mais de 15 dias, devido a uma avaria registada no único gerador, de 1.130 kaveares, que fornece energia àquela urbe.
Segundo os munícipes, o referido gerador já se encontra em funcionamento há vários anos e as avarias têm sido constantes ultimamente, causando deste modo inúmeros constrangimentos.
Por esse motivo, apelam ao Governo provincial e central que se encontre uma solução definitiva, de modo a se ultrapassar essa situação.
Em declarações à ANGOP, a cidadã Victória João, vendedora de peixe fresco, disse que ela e suas colegas sentem-se bastante prejudicadas por não conseguirem conservar o peixe nas arcas, devido à falta de energia.
"Compramos o peixe na Baia Farta, gastamos cinco mil kwanzas de ida-e-volta cada uma e, sem energia para conservar o pescado, somos muitas vezes obrigadas a salgar o peixe ou a saldá-lo", lamentou.
Por outro lado, João Tchimbau, estudante, descreveu a situação como preocupante, na medida em que já dura muitos anos.
É de opinião que o Governo Central deveria prestar mais atenção aos municípios ao longo do Corredor do Lobito, devido às suas potencialidades agrícolas, minerais e não só.
"A sede municipal da Ganda apresenta hoje outra cara. As ruas foram asfaltadas, os passeios recuperados, construi-se novas infra-estruturas sociais, mas só isso não basta. Deve ser melhorado o fornecimento de energia e água para atracção de investimentos", afirmou.
António Manuel, outro natural da Ganda, sugere que o Estado deveria aproveitar a barragem do Lomaum, que, a seu ver, pode fornecer o corredor Caimbambo, Cubal e Ganda, sem qualquer esforço, visto que a distância entre estas localidades não é muito acentuada.
A barragem de Lomaum, construida sobre o rio Catumbela, tem capacidade para 50 megawatts.
O administrador municipal da Ganda, Francisco Prata, reconheceu, no seu discurso por ocasião do 55° aniversário da cidade, celebrado no dia 24 de Junho deste ano, que "a cidade tem estado às escuras devido a problemas com o gerador".
Segundo testemunhas, sempre que o mesmo estiver avariado, tanto as peças sobressalentes como os técnicos têm de vir de Luanda para o reparar.
Os residentes são unanimes em afirmar que "é tempo de substituir este gerador, enquanto o Governo não instalar energia da rede".
Entretanto, o inventor Cristóvão Watschke, também natural da Ganda, manifestou que pode contribuir para a resolução do problema da energia na municipalidade, através da construção de uma mini-hídricas, a baixo custo.
"Preciso apenas de dois milhões de dólares para comprar as peças e aplicar, tendo em conta as linhas de transporte existentes", assegurou.
O inventor, também conhecido por Tofo ou "engenheiro do povo", fez questão de comparar os preços das mini-hidricas construidas em Belize (Cabinda) por dezanove milhões de dólares e a do Bocoio (Benguela), orçada em USD dezoito milhões.
Disse estar disponível, caso seja convidado, a construir uma mini-hidrica para Ganda, dizendo que "seria uma grande alegria servir o meu povo".
Quando o gerador está a funcionar, o fornecimento de energia eléctrica na Ganda é feito das oito às 14h00, para algumas lojas, enquanto que a população beneficia apenas das 15 às cinco horas da manhã.
Algumas instituições, residenciais, restaurantes e outros, mantêm os seus serviços a funcionar através de geradores próprios. TC/CRB