Luanda – Políticos e membros da sociedade civil angolana enalteceram, esta terça-feira, em Luanda, os ganhos da independência nacional conquistada a 11 de Novembro de 1975, com particular incidência para a construção de um Estado livre e soberano.
Em declarações à ANGOP, a propósito da efeméride, afirmaram, porém, que apesar das conquistas registadas, o país ainda tem muitos desafios para vencer.
Segundo deputado Amadeu Amorim, do MPLA, graças a essa conquista Angola está a marcar "passos positivos rumo à realização económica e social do homem angolano".
O também fundador do agrupamento Ngola Ritmos e antigo preso político lembrou que o colonialismo português foi atroz, mas, devido à independência, hoje o país consegue formar médicos e outros quadros suficientes para se afirmar na arena internacional, em geral, e em África, em particular.
Já o deputado Rubem Sicato, da UNITA, afirmou que apesar de ganharem uma Pátria soberana, os angolanos ainda precisam de realizar os sonhos dos precursores da independência.
"Temos avôs e bisavôs que sonharam com o fim da dominação estrangeira, com um país sob controlo dos angolanos, (…). Apesar disso, devemos todos discutir, para realizarmos a Angola tão desejada", declarou o parlamentar.
De acordo com Rubem Sicato, Angola não pode ser considerada um "país falhado", embora tenha de continuar a lutar, com boas intenções, para a realização dos seus sonhos.
Por sua vez, o representante do Grupo Parlamentar da FNLA, Lucas Ngonda, lembrou que a independência trouxe a soberania nacional e afastou a dominação colonial.
Para esse deputado, Angola conseguiu libertar-se da dominação colonial e da opressão, mas deve continuar a reconstruir-se e investir, sobremaneira, no Homem.
O também docente universitário lamentou, entretanto, o facto de o processo de transição do país ter sido "afectado por vícios trazidos da luta de libertação nacional e obediência a orientações ideologias do tempo da guerra fria", que levaram a confrontos entre as forças políticas que lutavam pela independência e, consequentemente, à guerra.
Na mesma senda, o historiador Patrício Batshikama ressaltou que a proclamação da República Popular de Angola, a 11 de Novembro de 1975, "deu a verdadeira cidadania aos angolanos".
Com essa conquista, afirmou, os angolanos passaram a ter direitos políticos plenos de construir a sua própria Pátria, consoante a sua vontade, tendo, entretanto, lamentado o facto de o país ter, na altura, sido transformado no "teatro da guerra fria em África".
Apelou, por isso, aos políticos a não permitirem que Angola volte a mergulhar na desordem e perca a sublime oportunidade de reforçar o seu processo democrático.
Na mesma senda, o presidente da Associação dos Antigos Combatentes, Constantino dos Santos, sublinhou que o 11 de Novembro de 1975 constituiu o culminar da luta pela autodeterminação.
Defendeu, entretanto, a valorização dos antigos combatentes, independentemente da sua filiação partidária, para que as novas gerações conheçam as acções desses cidadãos.
Por seu turno, o presidente do conselho directivo da Associação de Apoio aos Combatentes das Ex-FAPLA (ASCOFA), António Caetano Marcolino, considerou o 11 de Novembro como um marco histórico para todos os angolanos, concedendo liberdade efectiva, paz e estabilidade social.
O reverendo reformado da Igreja Baptista Toni Nzinga considerou a data como sendo muito importante para a história de Angola, que deve continuar a ser honrada, não apenas com discursos e festas, mas também com o asseguramento da liberdade.
Para si, é chegado o momento de o angolano reassumir os seus destinos, com a participação de todos, sem distinção de raças e opções ideológicas.
"É necessário que se tenha em atenção que a independência de Angola não era apenas questão dos portugueses saírem de Angola, mas de o país reassumir o direito à dignidade e garantir que todos estejam e se sinta livres para contribuírem, condignamente, para o desenvolvimento sócio-económico", expressou.
Já o reverendo Luís Nguimbi exortou os angolanos a trabalharem na criação e execução de políticas públicas que visem, fundamentalmente, a preservação das liberdades fundamentais.
Na mesma senda, o bispo auxiliar da Igreja Tocoísta, Simão Fernando Kibeta, afirmou que os 46 anos de Independência Nacional representam uma trajectória positiva de Angola, apesar do conflito armado que opôs os angolanos por mais de 30 anos.
Enalteceu o facto de os angolanos terem posto de parte as suas divergências e se reconciliado, tornando o país pacificado rumo ao desenvolvimento e à consolidação da democracia.