Dili - António Guterres manifestou hoje um "profundo orgulho" por lhe ter sido atribuída a nacionalidade timorense pelo Parlamento Nacional de Timor-Leste, destacando que a partir de agora as Nações Unidas têm um secretário-geral que é português e timorense.
"Sinto um profundo orgulho e um profundo reconhecimento. A causa de Timor-Leste foi uma causa fundamental da minha vida política durante muitos anos e tenho pelo povo timorense, pela resistência timorense uma enorme admiração e isto é uma honra", disse Guterres.
O secretário-geral, que falava aos jornalistas após a sessão solene no parlamento timorense para comemorar os 25 anos do referendo que levou à restauração da independência do país, manifestou-se igualmente "muito reconhecido".
No discurso perante os deputados e os convidados nacionais e internacionais, Guterres referiu que "a partir de agora há um secretário-geral da ONU que é simultaneamente português e timorense".
O parlamento de Timor-Leste atribuiu hoje por unanimidade a nacionalidade timorense a António Guterres, actual secretário-geral das Nações Unidas, pela "prestação de altos e relevantes serviços ao país" ao longo de várias décadas.
"A autodeterminação do povo timorense era a prioridade central da política externa do meu Governo e foi, na verdade, uma constante da política externa do meu país", disse Guterres.
Sobre a sua visita a Timor-Leste, em 2002, para a restauração da independência, disse que sentiu "a enorme coragem e a determinação incansável do povo timorense", de "fazer prevalecer o Direito e de rejeitar a lei do mais forte".
Em 30 de Agosto de 1999, 78,5% dos timorenses que votaram no referendo escolheram a independência do país e consequentemente o fim da ocupação da Indonésia, que invadiu Timor-Leste em 07 de Dezembro de 1975.
Com o resultado do referendo, a Indonésia abandonou Timor-Leste, com as milícias pró-indonésias a deixarem um rasto de horror e violência, tendo entrado a autoridade de transição das Nações Unidas, que geriu o país até à restauração da independência, em 20 de Maio de 2002.
No discurso, o secretário-geral da ONU reiterou ainda que "o mundo depara-se hoje com uma acentuada erosão da confiança", sendo necessárias "medidas para revitalizar o "obsoleto sistema multilateral".
Segundo António Guterres, "décadas de progresso contra a pobreza e a fome estão a ser revertidas", colocando "em perigo" os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
No entanto, lamentou a falta de financiamento nesta área, defendendo que "os países desenvolvidos devem duplicar o financiamento da adaptação para, pelo menos, 40 mil milhões de dólares (1 dólar equivale a 904,54) por ano até 2025 - tal como prometido na última COP". JM