Washington - O procurador especial que tutela o processo federal contra o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, pelas alegadas tentativas de falsear os resultados eleitorais de 2020 pediu segunda-feira à juíza que negue a pretensão de um julgamento com transmissão televisiva.
Vários média pediram em Outubro autorização para transmitir as audiências do processo penal que deve iniciar-se a 04 de Março em Washington, invocando o carácter inédito do acontecimento.
A juíza Tanya Chutkan pediu às duas partes para que se pronunciassem sobre esse pedido de excepção às regras dos processos federais.
A defesa de Donald Trump indicou na semana passada que apoia esse pedido, criticando mais uma vez a perseguição judicial de um "opositor político" pela administração do presidente Joe Biden.
"A acusação quer continuar esta paródia na obscuridade. O presidente Trump exige a luz", escreveram os advogados do ex-presidente republicano.
Trump, favorita nas primárias republicanas, afirmou no sábado no decurso de um comício "querer câmaras em cada centímetro do tribunal" para poder destruir o que denuncia como uma instrumentalização da justiça para o eliminar da corrida à Casa Branca em 2024.
O procurador acusou o ex-presidente "de exigir um tratamento especial", frisando que a proibição antiga de transmissão das audiências visa precisamente garantir julgamentos "justos e ordenados".
Referindo nomeadamente os "riscos de intimidação de testemunhas".
"Ele deseja, ao invés, criar uma atmosfera de carnaval da qual espera beneficiar ao desviar a atenção das acusações contra ele", acrescentou o procurador especial Jack Smith, recorrendo a uma mesma expressão empregue pela juíza numa audiência há poucos meses.
A juíza tinha avisado a 11 de Agosto que não deixaria que as audiências decorressem numa "atmosfera de carnaval" mediático.
Jack Smith recordou igualmente que Donald Trump "tem constantemente expressado o seu desejo de atrasar o julgamento, ou garantir que ele não se realiza de todo".
Donald Trump foi indiciado no início de Agosto por quatro acusações de conspirar para tentar reverter os resultados de derrota para o Democrata Joe Biden nas eleições de 2020.
O processo de subversão eleitoral federal é um dos quatro processos criminais contra Trump neste caso que corre num tribunal em Washington DC.
A equipa do procurador especial Smith abriu um processo federal separado, acusando-o de reter ilegalmente documentos confidenciais na sua mansão em Palm Beach, Florida, em Mar-a-Lago, e de se recusar a devolvê-los.
Este caso tem julgamento marcado para o dia 20 de Maio do próximo ano.
Trump também enfrenta casos judiciais estaduais em Nova Iorque e na Geórgia.
Os procuradores de Manhattan acusam-no de falsificar registos comerciais num caso relacionado com o pagamento a uma actriz pornográfica para obter o seu silêncio numa relação extra-matrimonial.
Os promotores do condado de Fulton, na Geórgia, acusam Trump e outras 18 pessoas de uma conspiração para alterar os resultados das eleições presidenciais de 2020 naquele estado.
Trump apresentou-se quinta-feira numa cadeia da Geórgia, sobre este caso, posando para a primeira foto policial de um ex-Presidente dos EUA na história norte-americana.
Trump alega inocência em todas as acusações, dizendo que as investigações têm motivação política e são uma tentativa de interferência para o impedir de regressar à Casa Branca. GAR