Luanda - Trezentos 59 mil 579 pessoas com transtornos mentais estiveram em tratamento nas unidades sanitárias do país nos últimos três anos, informou, esta terça-feira, em Luanda, a coordenadora do Programa de Saúde Mental, Massoxi Vigário.
Em entrevista a Angop, por ocasião do Dia Mundial da Saúde Mental, que hoje se assinala, explicou que o número é preocupante, pois vem registando tendências de crescimento.
Só o hospital psiquiátrico de Luanda, disse, neste momento possui 381 pacientes internados com idades compreendidas entre os 15 aos 55 anos de idade.
Frisou que, uma das consequencias é o aumento de casos de pessoas que tentam o suicídio.
Para a interlocutora, há r uma preocupação gritante relativamente ao quadro da saúde mental no país, que promove o surgimento de outras doenças consideradas orgânicas, nomeadamente a hipertensão, diabetes, patologias gastricas, entre outras.
De acordo com a responsável, caracterizar a saúde mental em Angola “é dizer que se está diante de uma pandemia silenciosa em que o reflexo é mostrado pelas unidades sanitárias”.
Apontou a violência doméstica, luto, transtornos de aprendizado não identificados, consumo de drogas, álcool e problemas afectivos, como estando na base das doenças do forúm psiquiátrico, que têm acometido pessoas dos 10 aos 45 anos.
Para si, o bulling nas escolas também tem um grande peso associado ao estigma e a discriminação, que vem abraçado do desconhecimento.
Falou também do desemprego, conflitos familiares, desejo de liberdade, maior autonomia e exposição, stress, exploração de identidade sexual e a falta de qualidade de vida.
Soluções
No entender da médica, deve-se aposta na criação de centros comunitários de saúde mental para reduzir o estigma e discriminação ligados a doenças do fórum psiquiátricos .
Massoxi Vigário frisou que com este auto conhecimento e com maior familiaridade sobre as doenças mentais, os familiares vão poder olhar para o paciente de forma mais simplista e humanizado .
“As famílias vão poder se empoderar para dar continuidade ao tratamento sem excluírem o doente, ajudando na sua rápida recuperação “ , garantiu.
Segundo a coordenadora, deve existir um maior investimento a nível da saúde mental para o aumento das estruturas, recursos humanos, capacitação dos quadros em diferentes áreas de especializações, bem como humanização de práticas integrativas para que sejam seguras.
Conforme a fonte, a resiliência humana é uma das chaves para minimizar os casos de stress registados frequentemente na população.
O que é a doença mental
A psicóloga definiu as doenças mentais como transtornos que afectam o comportamento e o humor de uma pessoa , podem ser causadas por vários factores, nomeadamente : genéticos , ambientais .
Algumas doenças mentais conhecidas são a depressão, ansiedade, transtornos bipolar, esquizofrenias.
A tristeza persistente, ansiedade excessiva, mudança do sono ou apetite, isolamento social e pensamentos e tentativas suicidas também se enquadram nas causas das doenças mentais.
Avançou que existem vários tratamentos para ajudar estes doentes , mas é importante que busquem ajuda profissional precocemente .
Importância da família no processo de cura
Massoxi Vigário disse que as famílias são a rede principal de apoio para qualquer doente com problemas mentais.
“Os profissionais de saúde fazem a sua parte dentro de um limite, mas a principal responsabilidade deve ser da família, pois o amor cura e salva e é neste cuidado que a recuperação do paciente é mais célere”, afirmou.
Alertou que deve-se ter também toda uma atenção com a saúde do cuidador, pois a rede de apoio também merece assistência psicológica para poder lidar melhor com o seu familiar que está diante de uma doença .
A exclusão social faz com que as pessoas prefiram viver longe do problema do que ter algum comprometimento. EVC/ART