Ancara - O presidente turco Recep Tayyip Erdogan pediu nesta terça-feira (22) à União Europeia (UE) que retome as "negociações de adesão" com a Turquia, antes da cimeira europeia em Bruxelas dedicada à invasão da Ucrânia pela Rússia.
"Esperamos que a UE abra rapidamente os capítulos das negociações de adesão e que inicie as negociações sobre a união aduaneira sem ceder a cálculos cínicos", declarou Erdogan, após um encontro em Ancara com o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte.
As declarações do presidente turco ocorrem numa altura em que a guerra na Ucrânia permite que o Governo turco retorne ao cenário internacional pelos seus esforços de mediação.
As negociações sobre uma eventual adesão da Turquia à UE, iniciadas em 2005, estagnaram-se nos últimos anos por causa das tensões com a UE em diversos assuntos.
Em finais de 2020, a Comissão Europeia considerou que as possibilidades de adesão da Turquia estavam em "ponto morto" por conta das decisões contrárias aos interesses da UE tomadas pelos seus líderes.
"A Turquia continuou a afastar-se da União Europeia, com um sério retrocesso nos campos do Estado de Direito e direitos fundamentais", deplorou a Comissão num relatório.
As relações entre UE e Turquia tornaram-se tensas após a frustrada tentativa de golpe de Estado em Julho de 2016 e a repressão posterior, que afectou opositores e jornalistas.
Os chefes de Estado e governo da UE reúnem-se em Bruxelas na quarta-feira para uma cúpula de dois dias dedicada à gestão das consequências da invasão russa à Ucrânia. Também haverá uma cúpula da OTAN em Bruxelas na quinta-feira.
Aliado da Ucrânia e membro da OTAN, a Turquia esforça-se desde o início da crise na Ucrânia para facilitar uma mediação entre Rússia e o Governo ucraniano, mas recusou-se a alinhar nas sanções ocidentais contra a Rússia.