Uíge aumenta produção de mandioca

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  • Luanda • Sábado, 24 Setembro de 2022 | 21h12
Mandioca (ilustração)
Mandioca (ilustração)
Lucas Neto

Uíge – A província do Uíge registou, nos últimos cinco anos, aumento significativo de produtos agrícolas, em particular de banana, batata-doce, feijão e mandioca, como resultado dos investimentos do Estado no sector da Agricultura.

Por Hermenegildo Manuel e Pedro Cardoso

De acordo com dados oficiais, só na campanha agrícola 2021/2022, a província cultivou cerca de 643 mil e 234 hectares, pelo que se estima a colheita de sete milhões, 600 mil e 277 toneladas de produtos diversos.

Conforme os dados disponíveis, houve acréscimo de 10 % em relação à produção do ano de 2021, sendo que a colheita de mandioca ronda os cinco milhões, 486 mil e 490 toneladas.

No mesmo período, a produção de banana rondou um milhão, 532 mil e 881 toneladas, amendoim 121 mil e 698, feijão 47 mil e 36 e batata-rena 30 mil e 621 toneladas.

Segundo os mesmos dados, foram colhidas, igualmente, 240 mil e 892 toneladas de batata-doce, 69 mil e 176 de frutas, 50 mil e 183 de hortícolas, 412 de soja e 18 mil e 176 de cereais.

A produção de café, por sua vez, estimou-se em 80 mil toneladas no ano agrícola anterior, sendo que a previsão de colheita para esse ano agrícola é de mil e 500 toneladas.

Entretanto, os dados indicam que, dos nove mil e 500 cafeicultores registados no Uíge, quatro mil abandonaram a produção nos últimos anos, devido a várias dificuldades.

A desistência ou mudança de cultura dos agricultores de café é motivada, entre outras razões, pela falta de apoio às mudas, o longo período entre a plantação e a colheita, a ausência de estradas que permitam o acesso dos comerciantes às zonas de produção, falta de financiamentos, insuficiência de mão-de-obra e a redução constante do preço do quilograma do café.

Conforme o Gabinete Provincial da Agricultura, Pecuária e Pescas, a produção do café está a desenvolver-se, graças à distribuição, pelo Governo, de mudas aos agricultores, para possibilitar a replantação ou reactivação da produção.

As autoridades do sector reiteram que a província tem a mandioca como a principal cultura, pelo facto de  fazer parte da dieta base das populações locais, facto que tem sido fortemente impulsionado pela agricultura familiar.

A partir do Programa de Combate à Fome e à Pobreza, por exemplo, foi criado um micro designado Programa local de Apoio à Agricultura Familiar, que beneficiou pelo menos 640 produtores, divididos em 40 por cada município.

A ANGOP apurou que estiveram envolvidos na campanha agrícola 235 mil 475 famílias, 132 cooperativas agrícolas e 868 associações de camponeses, num ano em que o sector da agricultura tem vindo a apostar, igualmente, no relançamento da produção do arroz.

Para o efeito, o governo gasta, mensalmente, 112 milhões de kwanzas para fortalecer a produção agrícola da região, sendo que cada município recebe, desde Setembro de 2021, mensalmente, sete milhões de kwanzas.

Apesar de não existirem grandes projectos para a agricultura na província, além do enfoque da agricultura familiar, as autoridades locais destacam a existência de unidades como a   Fazenda Sanza Pombo, “que acabou por ser alienada e ainda não está em funcionamento, e a Fazenda do Negage, considerada actualmente a de maior dimensão. 

O acesso às fontes de financiamento

Todo este processo tem beneficiado também da entrada de instituições como o Banco de Desenvolvimento (BDA) e do Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Agrário (FADA), que têm apoiado projectos no âmbito da implementação do Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações (PRODESI).

A título de exemplo, no quadro do FADA foram financiados mais de 10 projectos, com valores que variam de 10 a 15 milhões de kwanzas. 

Porém, apesar da forte aposta na produção nacional, a província regista dificuldades na ligação entre muitas zonas de produção às sedes municipais, devido às condições das vias de acesso, o que deixa grandes quantidades de produtos a estragar pelos campos.

O principal problema, segundo as autoridades locais, regista-se no município do Bembe, onde foi criada uma estratégia que consiste nas Brigadas de Reabilitação de Estradas.

Em relação às pescas, por exemplo, o titular da Agricultura e Pescas no Uíge, Eduardo Neto, realça que existem muitos rios e lagoas, o que dá indicadores de muito pescado.

Assegurou, por isso, que trabalhos estão em curso para a melhoria contínua do sector. 

Os dados do primeiro semestre demonstram a existência de 601 projectos ligados à pesca, cerca de 23 mil e 220 tanques povoados, bem como o registo de 46 associações e 23 cooperativas, que integram mil e 495 pescadores nos diversos municípios. 

Em relação à pesca continental, os dados indicam a existência de cerca de 692 mil toneladas e 454 quilos, enquanto a aquicultura tem 59 mil toneladas e 271 quilos.

De acordo com o responsável, ao nível do Planalto de Camabatela, o Uíge é a província com mais municípios, sendo  cinco e com melhores condições para criação de gado. Nesta altura existem 15 mil e 877 cabeças de gado bovinos, sem incluir caprinos e suínos.

Produção agrícola no Quimbele

Noutro sentido, o município do Quimbele, situado a 250 quilómetros da cidade do Uíge, começa a dar sinais de crescimento do domínio da agricultura.

Trata-se do maior dos 16 municípios da província, com uma superfície de 686 quilómetros quadrados, sendo que a sua população está estimada em 157 mil  e 904 habitantes. A produção anda acima das 777 mil e 903 toneladas anuais.

É, na verdade, o maior produtor agrícola, devido a sua densidade territorial e populacional, apesar das dificuldades para o escoamento de produtos para os diferentes pontos da província.

Em relação a este assunto, o administrador municipal de Quimbele, Pedro Zua, reconhece que as vias de comunicação desempenham um papel preponderante para o desenvolvimento de uma comunidade, apesar de a região estar muito afectada pelo surgimento de ravinas um pouco por todo lado, impedindo a intervenção da administração.  

Explicou que possuem 27 cooperativas agrícolas organizadas, sendo 20 na sede municipal, duas na comuna do Alto Zaza, uma na comuna de Icoca e quatro na comuna do Cuango.

Nove cooperativas beneficiaram de crédito agrícola, sendo que sete das quais receberam máquinas agrícolas para a lavoura. 

Ambuíla assegura produção de madeira e banana

Já no município de Ambuíla, que detém as famosas Grutas do Nzenzo, considerada uma das Sete Maravilhas de Angola, bem como do monumento da batalha de Ambuíla, ocorrida em 1665, vem se destacando, essencialmente, na produção de madeira e banana.

Apesar de não ser a maior produtora de banana na região, potencial assumido pelo Songo, com uma produção acima de 207 mil toneladas, tem potencial para aumentar a produção em grande escala deste produto, que nesta altura ronda 59 mil e 283 toneladas.

O administrador municipal de Ambuíla, Justino Lourenço Kulassana, ressaltou o facto de esta ser uma região que chove muito e verifica uma baixa densidade populacional, com aproximadamente 22 mil habitantes.

No domínio económico, as populações locais estão inseridas mais na prática da agricultura, com a implementação de um programa de apoio à agricultura familiar, que conta com mais de 500 famílias, sem adicionar as que estão no Programa de Combate à Fome e à Pobreza.

Ambuíla faz parte dos municípios com grande potencial no domínio da exploração da madeira, existindo acima de 50 pequenas e grandes empresas cadastradas, com uma exploração acima de 500 mil metros cúbicos/ano.

As empresas fazem corte, serração e têm produtos acabados para o mercado, respeitando as exigências das autoridades do sector. 

Por sua vez, a administradora Municipal de Sanza Pombo, Euladia Guimas, assegura que  Sanza Pombo é 100% fértil, pelo que a população local investe forte na agricultura.

Sanza Pombo é potencialmente agrícola e, além das terras férteis, tem uma rede hidrográfica com muitos rios, riachos e ribeiros, tais como Kwilo, Sanza, Longo, Luselwa, Makeni, Wamba, onde a população pratica a pesca artesanal.

A imensidão de florestas é outro potencial do município, onde abundam plantas medicinais.



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