Moscovo - O enviado especial russo para a cooperação económica, Kirill Dmitriev, deverá deslocar-se nos próximos dias aos Estados Unidos para conversações com o enviado norte-americano Steve Witkoff, anunciou hoje o Kremlin (presidência), noticiou o site Noticias ao Minuto.
A concretizar-se, será a primeira visita de um alto funcionário russo a Washington desde o início da ofensiva da Rússia contra a Ucrânia, em Fevereiro de 2022.
"Sim, posso confirmar isso. Essa visita é possível. Continuamos a comunicar com os americanos", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, no seu 'briefing' diário.
"Não posso dizer nada mais específico", acrescentou, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Segundo a televisão norte-americana CNN, Dmitriev deverá falar com Witkoff sobre o reequilíbrio das relações bilaterais, gravemente afectadas por anos de tensão, que culminaram em 2022 com a invasão da Ucrânia, país apoiado pelos Estados Unidos.
"Talvez", disse Dmitriev nas redes sociais, em resposta ao anúncio da CNN.
Acrescentou que a resistência ao diálogo entre os Estados Unidos e a Rússia é real, motivada por interesses enraizados e retórica antiga.
Dmitriev, 49 anos, director do Fundo Russo de Investimento Directo, está sob sanções dos Estados Unidos desde 2022 e precisa de uma suspensão temporária das restrições para obter um visto para viajar para o país.
De acordo com a CNN, citando uma fonte familiarizada com o assunto, a administração do Presidente Donald Trump já suspendeu temporariamente as sanções contra Dmitriev, tornando possível que viaje para Washington.
Dmitriev foi um dos negociadores russos nas conversações russo-americanas realizadas em 18 de Fevereiro na Arábia Saudita.
Foi o primeiro encontro do género entre russos e norte-americanos em anos e ocorreu alguns dias após o primeiro telefonema oficial entre Vladimir Putin e Donald Trump.
Nascido em Kiev, Dmitriev fez carreira nos Estados Unidos, onde trabalhou para o banco Goldman Sachs em Nova Iorque e para a consultora McKinsey.
É licenciado pela Universidade de Stanford e pela Harvard Business School.
A Rússia criticou esta semana, pela primeira vez, o plano de paz dos Estados Unidos para a Ucrânia por se centrar na obtenção de um cessar-fogo sem abordar as causas profundas do conflito.
Trump ameaçou a Rússia com sanções secundárias sobre o petróleo se Moscovo e Washington não conseguirem chegar rapidamente a um acordo sobre a Ucrânia.
Peskov também excluiu a possibilidade de uma cimeira entre a Rússia e os Estados Unidos durante a visita de Trump à Arábia Saudita, em Maio.
Esses são os planos do chefe de Estado norte-americano. Não têm qualquer relação com Putin, declarou Peskov, citado pela agência de notícias espanhola EFE.
"Putin não tem, de momento, tais planos", insistiu, referindo que ainda não há entendimento sobre a data e o local da cimeira entre Putin e Trump.
"Continuamos os contactos com os americanos a diferentes níveis e através de diferentes canais", acrescentou.
A Casa Branca (presidência dos EUA) anunciou na terça-feira que Trump se deslocará à Arábia Saudita em Maio para a primeira visita internacional do seu segundo mandato. CQ/GAR