Luanda - Os impostos, a falta de financiamento e de regulação são as três principais ameaças à sobrevivência das Startups em Angola, indica o primeiro estudo sobre o “ Ecossistema de Empreendedorismo e Startups de Angola”, apresentado hoje, em Luanda.
A pesquisa, efectuada em 2022, concluiu também que os principais desafios das Startups no país assentam na falta de apoio especializado para dar-lhes competência, de capacidade de desenvolvimento de produtos e de dinheiro ou liquidez.
Por outro lado, o documento aponta o crescimento da taxa de acesso à internet, entre 2019 a 2022, e, consequentemente, do número de subscritores em cerca de 48 por cento como factores influenciadores positivos do crescimento do ecossistema digital de Startups em Angola.
Outro factor positivo, apontado como estrutural e influenciador do mundo digital da Startup no país, nesse período (2019-2022), foi o crescimento no acesso a telemóveis, que registou um avanço de 49 por cento.
Esse crescimento, aliado ao crescimento da população economicamente activa com 15 ou mais anos, segundo a pesquisa, indica que há mais pessoas a ter acesso à internet que, como consequência, proporciona a criação de marcado para os negócios digitais impulsionados pelas Startups.
Quanto à faixa etária dos actores do mercado das Startups, o estudo revela que a média tem menos de 31 anos de idade e maior parte com formação universitária no domínio das engenharias.
Indica igualmente que 75 por cento dos actores de Startups tem formação universitária e que o empreendedorismo nesse domínio está a ser desenvolvimento por estudantes universitários.
Relativamente à posição de Angola no domínio da Startups a nível da CPLP e da SADC, a pesquisa indica que não é das melhores.
O documento, elaborado por iniciativa do Instituto Nacional de Apoio às Micro, Pequenas e Médias Empresas (INAPEM) em parceria com a UNITEL, teve uma amostra de centenas de Startups e também de um grupo selectivo de actores do ecossistema digital, sendo este Estudo pertinente considerando que o número de Startups no país está a crescer, segundo o administrador do INAPEM, Bráulio Augusto.
À margem do acto de lançamento, o apresentador do estudo e consultor do INAPEM, José Bucassa, referiu que Angola não está bem posicionada no “Doing Business”, sendo um factor estrutural que influencia negativamente as condições do Ecossistema de Startups
Além de leis, segundo o interlocutor, “é necessário, acima de tudo, olhar para o mercado, entender a sua necessidade efectiva e desenhar políticas que se adeqúem à realidade concreta, porque cabe à instituição ao Estado fazer a gestão desse ecossistema, sem ser um actor activo e interventivo, mas criando balizas para que sejam as Startups , incubadoras e aceleradoras a terem espaço para desenvolver o mercado”.
Sobre a falta do financiamento às Startups, justificou que é um facto que acontece em toda parte do mundo, porque elas têm um nível elevado de risco, mas dependem também do estágio em que se encontram. "Obviamente, é preciso que elas sejam viáveis e de apetência de escala. É nessa condição que uma pessoa vai colocar dinheiro para investir”, explicou.
Salientou que uma lei das Startups tem vantagens significativas como estratificar, definir em concreto o que é uma startup e o que são micro e pequenas empresas, porque hoje existem barreiras concretas.
“A banca não tem produtos financeiros adequados ao nível de risco e de maturidade da startup, daí que a lei vai definir as regras de jogo e incentivo para mais pessoas entrarem para o ecossistema”.
A pesquisa sobre o “ Ecossistema de Empreendedorismo de Startups de Angola” visou retratar as principais iniciativas em torno do empreendorismo no país, bem como apontar as diversas perspectivas em relação ao impacto e alcance das mesmas.
Procura, igualmente, marcar uma nova etapa em matéria de publicações regulares e periódicas sobre este e outros temas relacionados, por formas a dotar cada vez mais o país de dados e informações estatísticas quer do ponto de vista primário quer secundário, para garantir que as instituições públicas e privadas possam gizar melhor as suas acções de fomento e suporte ao empreendedorismo em Angola.