Goma – As crianças representam mais de um terço das vítimas dos cerca de 10 mil casos de violações e outras formas de abuso sexual cometidos, nos dois primeiros meses deste ano, no leste da República Democrática do Congo (RDC), denunciou a agência das Nações Unidas para a Infância, citada pela Reuters.
O porta-voz do UNICEF, James Elder, avançou sexta-feira, numa videoconferência a partir de Goma, que as violações e outras formas de abuso sexual foram usadas como "arma de guerra" e ocorriam em média a cada 30 minutos, com crianças pequenas entre as vítimas.
"Não estamos a falar de incidentes isolados. Referimo-nos a uma crise sistemática", salientou o porta-voz, citando dados recolhidos pelas organizações não governamentais locais, que estimam entre 35% e 45% o total das vítimas menores de 18 anos.
"É uma arma de guerra e uma táctica deliberada de terror", disse Elder, acrescentando que a falta de recursos financeiros está a afectar a capacidade de tratamento dos sobreviventes das agressões sexuais.
Num hospital que visitou esta semana, 127 sobreviventes de violações sexuais não tinham acesso a kits médicos que podem prevenir a infecção por HIV imediatamente após o ocorrido.
A denúncia do UNICEF surge na sequência da crise no leste da RDC, onde os rebeldes do M23 tomaram várias zonas no início deste ano como parte de uma rápida ofensiva que deixou milhares de mortos, incluindo crianças, e forçou centenas de milhares de pessoas a abandonarem as suas casas. CV