Ondjiva – Trinta e seis casos de dracunculose (vulgarmente conhecido como verme da Guiné), foram notificados laboratorialmente em 2024, pela Organização Mundial da Saúde, na província do Cunene, contra os 87 do período anterior.
A informação foi prestada esta quinta-feira à ANGOP, pelo ponto focal da dracunculose pela OMS no Cunene, Mavitindi Sebastião, referindo que actualmente os casos são notificados apenas na província do Cunene, considerada o epicentro da doença em Angola.
Esclareceu serem 36 casos confirmados em animais e três que aguardam pela sua confirmação, no único laboratório habilitado e certificado para confirmação desta doença, instalado em Atlanta, Estado Unidos da América.
Mavitindi Sebastião fez saber que os mesmos foram registados nas áreas de Ofenda, Onanime e Olufua (município de Namacunde), enquanto no Cuanhama nas localidades de Ohameke e Okahende.
Disse serem estes dois municípios onde são realizadas acções de vigilância em 24 aldeias, desenvolvidas por 160 agentes comunitários treinados para detectar, notificar e denunciar às autoridades sanitárias quaisquer suspeitas de casos do género.
Prosseguiu ser com base neste processo permanente de comunicação com as comunidades locais, que conseguiram chegar aos resultados da situação do verme da Guiné na região.
Referiu que apesar da redução considerável, a situação continua preocupante, sublinhando que de 1 de Janeiro a 25 de Fevereiro de 2025, a OMS tem reportado 29 casos suspeitos, com a recolha dos vermes a fim de serem enviados ao laboratório para sua confirmação.
Disse que a OMS considera “preocupante” a notificação de um único caso, constituído alarme para saúde pública, num momento em que a nível global trabalha-se para a erradicação ou eliminação por completo do vírus em seres humanos e animais.
O especialista alertou que o período de Janeiro a Maio é considerado de risco, devido a fluidez de águas, pelo que, apela à vigilância contínua, controlo de animais suspeitos e a utilização de filtros distribuídos por parte da população.
O Cunene reportou três casos em humanos no período de 2018, 2019 e 2020.
A nível do mundo, a doença existe apenas em seis países de África, concretamente Angola, Camarões, Chade, Sudão do Sul, Mali e Etiópia, sendo que a OMS espera que Angola seja um dos primeiros a erradicar a Dracunculose.
A dracunculose, mais conhecida como doença do verme da Guiné, é uma parasitose invalidante causada pela saída por via cutânea da fêmea adulta do Dracunculus medinensis, um verme filiforme que pode atingir de 60 a 100 centímetros.
Considerada como doença tropical negligenciada, porque encontra-se nas zonas tropicais e afecta sobretudo pessoas de comunidades vulneráveis, a doença não dispõe de tratamento específico ou vacina para prevenção.
De forma a incentivar o envolvimento das comunidades no combate à doença, a OMS atribui 75 mil kwanzas para aquelas pessoas que vier a identificar um caso suspeito e notificar às autoridades da saúde. FI/LHE/OHA