Benguela – A taxa de abandono no tratamento de doentes com tuberculose caiu para seis por cento, este ano, na província de Benguela, em resultado do projecto inovador de rastreio comunitário da Ong ADPP, iniciado em Julho de 2021.
O projecto comunitário de prevenção da tuberculose, que também inclui o Vih/Sida e a malária, está a ser implementado pela organização não-governamental ADPP Angola (Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo), com o financiamento do Fundo Global que abrange, até Junho de 2024, as províncias de Benguela e do Cuanza Sul.
Falando à imprensa, no final de uma visita, hoje, do secretário de Estado para a Saúde Pública, Carlos Alberto Pinto de Sousa, a um centro de diagnóstico da tuberculose em Benguela, o director do Gabinete Provincial da Saúde, António Cabinda, destaca que, em 2021, a taxa de abandono era de 11 por cento.
Na base desta queda, aponta o programa da ADPP Angola que consiste na distribuição mensal de cesta básica, principalmente para os 108 doentes com tuberculose multidroga resistente (TB-MDR) controlados neste momento, o que lhes tem ajudado a continuar a medicação.
“Muitos dos doentes são carentes e têm estado a abandonar a medicação por falta de alimentação”, referiu, regozijando-se dos resultados da parceria com a ADPP, isto porque o apoio alimentar aos pacientes motiva-os a não abandonarem o tratamento, visando controlar a tuberculose.
Além disso, o responsável também justifica a retoma da medicação por parte de muitos doentes com outro projecto de acompanhamento, também levado a cabo pela ADPP, através do qual um agente sanitário faz o rastreio comunitário e traz os pacientes às unidades.
Apesar dos cinco mil casos de tuberculose registados de Janeiro a Outubro deste ano na província, a fonte diz que Benguela tem uma das redes de diagnóstico mais completa do país, com 30 unidades que fazem o diagnóstico do bacilo de Koch.
Já o secretário de Estado para a Saúde Pública defende que a ADPP continue a acompanhar os pacientes, com os Agentes de Desenvolvimento Comunitário e Sanitário (ADECOS), para melhor controlo dos casos e redução da cadeia de transmissão comunitária.
Para Carlos Alberto Pinto de Sousa, essa intervenção é uma mais-valia e terá de ser reproduzida, porque ajuda na melhoria significativa do acesso a cuidados de qualidade para os pacientes e reforça a componente da prevenção.
Quanto às províncias não abrangidas neste projecto, Carlos Alberto Pinto de Sousa lembrou que são atendidas por um programa nacional de luta contra a tuberculose, do Ministério da Saúde, desde a componente da prevenção ao tratamento.
De acordo com o coordenador inter-provincial do projecto da ADPP Angola, Andrew Pamuchigere, 600 doentes com tuberculose estão a ser seguidos nos municípios de Benguela, Lobito, Catumbela e Baía Farta, prevendo-se a extensão do programa para os restantes seis municípios do interior da província.
Andrew Pamuchigere ressalta que o país está comprometido com as metas 90-90-90, que visam o diagnóstico de 90% dos casos possíveis da tuberculose.