Luanda – Angola precisa de cerca de 68 mil professores, para preencher a lacuna educacional existente e dinamizar este sector que concorre para o desenvolvimento social e económico de qualquer nação, disse a directora para o Ensino Pré-Escolar e Primário, Soraya Kalongela.
Por Joana Marcos, Jornalista da ANGOP
Fruto da necessidade, o Ministério da Educação admitiu em concurso público, de 2021 a 2022, cerca de 15 mil professores. Outros oito mil e 653 professores ou agentes da educação foram admitidos, entre 2023 e 2024, nos vários subsistemas de ensino.
Actualmente, o sector conta com aproximadamente 216 mil agentes da educação.
A directora falava em exclusivo à ANGOP, no âmbito da abertura do Ano Lectivo 20224-2025, tendo reconhecido que apesar do crescente número de professores, o “país precisa de quadros cada vez mais qualificados, para responder à demanda existente”.
A mestre em Administração e Gestão Educacional explicou que, aliada à necessidade de novos professores, está igualmente a criação de novas salas de aula, para receber tanto os novos docentes, como os alunos que se encontram fora do sistema de ensino.
Para o referido ano lectivo, o país vai contar com 76 novas escolas.
Eis a entrevista na integra:
ANGOP – Conforme a directora, o país vai contar, neste ano lectivo, com mais 76 escolas. Em termos de salas de aula, o que representa e quais as províncias beneficiárias?
Soraya Kalongela (SK) – As novas escolas equivalem a mais de 699 novas salas de aula, distribuídas pelas províncias de Luanda, Bengo, Cuanza Norte, Malanje, Cuanza Sul e Cuando Cubango.
ANGOP – Quantos alunos estão matriculados para o presente ano lectivo?
SK: Para este ano lectivo foram matriculados mais de nove milhões e 900 mil alunos, em todos os subsistemas de ensino.
ANGOP – De concreto, quantos professores o país precisa de momento?
SK: Em termos de necessidades reais, estamos a falar de cerca de 68 mil professores para a cobertura do país.
ANGOP – Há alguns anos, falava-se da necessidade de vinte mil professores para o país. O que mudou realmente?
SK: A necessidade de professores do país é definida com base na necessidade de cada província. Anualmente, temos estado a acompanhar o processo de inscrição, o que torna possível obter um balanço de quantos alunos ou estudantes ficam de fora.
Por outro lado, a construção e reabilitação de escolas, inseridas nos vários programas do Governo, também influencia na alteração do número de professores necessários para o país.
ANGOP – Directora, há uma noção de quantas crianças se encontram fora do sistema de ensino?
SK: O relatório dos órgãos da Administração Geral do Estado refere que, nessa altura, mais de quatro milhões de crianças estão fora do sistema de ensino.
ANGOP – Estamos a falar de crianças para os subsistemas pré-escolar, segundo ciclo ou do âmbito geral?
SK - Estamos a falar do geral. Mais de quatro milhões de crianças e jovens que se encontram fora do sistema de ensino, conforme o relatório dos órgãos da administração local do estado.
ANGOP- Nos últimos dois anos, quantas escolas foram construídas no país?
SK: Por essa altura, o país tem mais de 12 mil escolas, o que corresponde a cerca de 119 mil salas de aula, em todos os níveis e subsistemas de ensino no país.
ANGOP – Este número representa um crescimento ou decréscimo?
SK – Houve um crescimento de escolas e salas de aulas, fruto da implementação do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios que priorizou, entre outros, infra-estruturas dos sectores da educação e saúde.
No domínio da educação, foram construídas escolas de várias tipologias que vão servir para o ensino primário, segundo ciclo, ensino secundário, formação de professores, ensino técnico profissional, entre outros.
ANGOP – Quantas escolas foram reabilitadas ou estão em reabilitação?
SK: Estão em reabilitação sete escolas, no âmbito do Projecto de Aprendizagem para Todos (PATII), na província de Luanda.
ANGOP – Para o presente ano lectivo, quantos novos alunos estão matriculados?
SK: Para este ano lectivo, espera-se atender ou receber cerca de mais de dois milhões de alunos, em todos os subsistemas de ensino.
ANGOP – Quantos alunos foram matriculados no geral?
SK - No geral, foram matriculados mais de nove milhões de alunos, em todo o sistema de ensino.
ANGOP – Sobre as escolas inclusivas ou especiais, quantas estão disponíveis no país?
SK: Actualmente, o país conta com 1644 escolas inclusivas, aonde podem ser atendidas crianças com dificuldades de locomoção ou uma determinada deficiência auditiva ou dificuldade visual.
A educação inclusiva é uma concepção de nova escola, onde deve haver respeito e atenção às diferenças, sendo que um dos objectivos do Ministério da Educação é fazer com que todas as escolas se tornem mais inclusivas e se juntem às actuais
Entretanto, existem apenas 22 escolas para educação especial. O Governo angolano, por via do Ministério da Educação e os seus parceiros, tudo tem feito para continuar a garantir assistência adequada em todos os pontos de atenção, independentemente da complexidade e qualificação de serviços.
ANGOP - As escolas de educação especial contam com quantos alunos?
SK – De acordo com as últimas actualizações do Instituto Nacional de Educação Especial (INEE), o país tem registo de, pelo menos, 44 mil estudantes do ensino especial.
A meta do Executivo consta do Plano Nacional de Desenvolvimento Nacional de Educação (PNDE) 2017-2030, documento que encontra fundamentação legal na Lei nº 17/16, de 7 de Outubro, diploma de Bases do Sistema de Educação e Ensino (LBSEE), e na Lei n.º 1/11, diploma de Base do Regime Geral do Sistema Nacional de Planeamento.
Para além das escolas especializadas, o Executivo prevê o aumento do número de instituições de carácter inclusivo em todos os subsistemas de ensino, bem como salas de atendimento educativo especializado.
ANGOP – Quanto a merenda escolar, qual o ponto de situação?
SK- A merenda escolar é um programa multissectorial que envolve os ministérios da Educação, da Acção Social Família e Promoção da Mulher, da Agricultura e da Saúde, sendo distribuído pelos governos provinciais, por meio das suas administrações municipais.
O Ministério da Educação faz o acompanhamento, definindo os critérios de distribuição.
A merenda abrange cerca de 17 por cento da população estudantil em condição desfavorável.
Mais de mil escolas a nível das 18 províncias, beneficiaram-se de merenda escolar durante o ano lectivo de 2023-2024, abrangendo assim, cerca de um milhão de alunos.
O Executivo angolano disponibiliza todos os anos, por município, um total de três milhões de kwanzas para a merenda escolar, que é distribuída, localmente, três vezes na semana.
ANGOP – Já em relação à Alfabetização, como está o país?
SK: A educação de jovens e adultos, este ano, vai atender cerca de 434 mil e 889 alunos do módulo 1, 2 e 3 do ensino primário. E 1º ano e 2º do primeiro ciclo de adultos, no caso da 7ª e 8ª classes. JAM/OHA/ADR