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Exército tchadiano acusado de ter morto por engano "dezenas" de pescadores na Nigéria

     África              
  • Luanda • Sexta, 01 Novembro de 2024 | 09h48
Bandeira do Tchad
Bandeira do Tchad
Divulgação

N´Djamena - A contra-ofensiva tchadiana contra o Boko Haram na região do Lago Tchad, liderada pelo Presidente Mahamat Idriss Déby, foi acusada hoje por pescadores locais e milícias anti-'jihadistas' de ter morto por engano "dezenas" de pescadores na Nigéria, querendo atingir os extremistas.

Um oficial do Estado-Maior do Tchad, que pediu o anonimato, confirmou à agência France-Presse que os ataques "foram efectuados nas ilhas que fazem fronteira com a Nigéria e o Níger". 

Um responsável do Estado-Maior tchadiano que pediu o anonimato confirmou à AFP que os ataques "operavam nas ilhas situadas nas fronteiras da Nigéria e do Níger".

"O Boko Haram mistura-se frequentemente com pescadores e agricultores sempre que comete os seus crimes. Por isso, é difícil distinguir entre a população e os terroristas", sublinhou.

Um líder de uma milícia anti-'jihadista' na Nigéria, Babakura Colo declarou que "um avião (de combate) do exército tchadiano atacou pescadores na ilha de Tilma, matando muitos pescadores".

"O avião confundiu os pescadores com os terroristas do Boko Haram que atacaram uma base militar no Tchad no domingo", prosseguiu.

O número de mortos deste ataque, efectuado no domingo à noite pelo Boko Haram contra uma base militar na região do Lago Tchad, é de "cerca de 40", segundo as autoridades tchadianas.

"O caça cercou Tilma antes de começar a lançar bombas, enquanto as pessoas corriam em todas as direcções para se abrigarem", disse um pescador, Sallau Arzika.

A contra-ofensiva lançada pelo exército tchadiano contra o Boko Haram na região do Lago Tchad está a ser dirigida pessoalmente no terreno pelo Presidente Déby, anunciaram hoje comunicados presidenciais.

"O Presidente da República, Chefe Supremo das Forças Armadas, Mahamat Idriss Deby Itno, continua acampado nas margens do Lago Tchad, onde dirige pessoalmente a operação Haskanite", anunciou a presidência, na rede social Facebook, com uma fotografia do chefe de Estado fardado.

O Presidente Déby está "a aumentar o número de reuniões, a dar instruções e a orientar a fim de não dar qualquer hipótese aos elementos do Boko Haram", acrescentou.

"As tropas terrestres e aéreas mobilizadas para esta operação entraram em acção", declarou a presidência no início do dia.

A operação Haskanite, lançada na segunda-feira, é "puramente militar e relacionada com a segurança", disse Abderahim Bireme Hamid, primeiro-ministro interino do Tchad, numa conferência de imprensa na quarta-feira, explicando que "não se trata apenas de proteger" as populações pacíficas, mas "trata-se de localizar, eliminar e destruir a capacidade do Boko Haram e dos seus afiliados de causar danos".

Os soldados chadianos são frequentemente alvo de ataques do Boko Haram na região do Lago Tchad.

Esta vasta extensão de água e pântanos entre o Níger, a Nigéria, os Camarões e o Tchad é pontilhada de ilhotas que albergam combatentes do grupo 'jihadista' ou do seu grupo dissidente, o Estado Islâmico na África Ocidental (Iswap).

A insurreição do Boko Haram começou em 2009 na Nigéria, onde, desde então, causou cerca de 40 mil mortos e deslocou mais de dois milhões de pessoas, antes de se espalhar para os países vizinhos. É difícil de contrariar devido à mobilidade dos seus combatentes armados.

Em Março de 2020, o grupo levou a cabo uma ofensiva sangrenta contra outra base militar na região do Lago Tchad, matando cerca de uma centena de pessoas e causando as perdas mais pesadas alguma vez registadas pelo exército chadiano.

O marechal Idriss Déby, que governou o Tchad durante 30 anos, estava habituado a comandar operações no terreno e foi morto na frente de batalha pelos rebeldes em 2021.

O seu filho Mahamat Idriss Déby, eleito em Maio chefe de Estado em eleições contestadas, foi proclamado pelo exército, aquando da morte do pai, presidente de transição à frente de uma junta de 15 generais depois de suspender a Constituição e dissolver o parlamento. GAR



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