Luanda – Os empreendedores ou as pessoas singulares que pretendam investir no sector produtivo angolano poderão, nos próximos dias, solicitar um crédito no Banco de Comércio e Indústria (BCI), sem apresentar um plano de negócios e garantias à esta instituição, que tem disponível cerca de 100 mil milhões de kwanzas para este efeito.
O anúncio foi feito esta quinta-feira, em Luanda, pelo presidente da Comissão Executiva do BCI, Renato Borges, após um encontro exclusivo com os jornalistas denominado “Kuzwela BCI”, um evento que serviu para apresentação dos resultados alcançados pelo banco, desde a data da sua privatização oficial, a 17 de Dezembro de 2021.
Em declarações à imprensa, o responsável assegurou que os interessados terão acesso ao crédito sem burocracia, com o prazo máximo de uma semana para a aprovação e carregamento.
Realçou que essa iniciativa, que se enquadra no plano de apoio ao sector produtivo do banco, visa essencialmente fomentar a economia real e tornar as pessoas cada vez mais autónomas para desenvolverem o seu próprio negócio.
“Inicialmente, estamos a pôr uma linha de crédito de cerca de 100 mil milhões de kwanzas, que estão disponíveis para os empreendedores do sector produtivo. Este produto estará disponível nas próximas semanas, nos nossos balcões”, garantiu.
Crédito agrícola beneficia 75 mil produtores
Ainda no âmbito do apoio ao sector produtivo, motivado pelo Aviso 10 do BNA, o BCI concedeu crédito avaliado em 16 mil milhões de kwanzas, sem taxa de juros, ao sector agrícola, tendo beneficiado 75 mil agricultores, de Setembro de 2024 até à presente data.
De acordo com Renato Borges, esse investimento enquadra-se no produto "Crédito de campanha agrícola" lançado em 2024, um projecto que está a ser implementado em seis províncias do país: Benguela, Huambo, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Malanje e Bié, com previsão de ser expandido para Cabinda, neste ano.
Nessas províncias, prosseguiu, as famílias estão a cultivar o algodão, arroz, trigo, milho, feijão e soja, numa área de 68 mil hectares, onde se espera colher 102 mil toneladas destes produtos.
Do valor investido, disse que 50% é destinado à aquisição de fertilizantes, 30% em sementes, 15% em pesticidas e 5% equipamentos e máquinas.
Segundo o PCE, neste primeiro ensaio, o banco está a acompanhar os produtores, sem ainda exigir o início do reembolso do crédito concedido.
Capital do BCI cresce 54% em um ano
Entre os resultados alcançados ao longo de mais de dois anos, Renato Borges destacou o banco registou um crescimento de 54% no exercício 2024, em que fechou o ano com um capital de 51 mil milhões de kwanzas, contra Kz 33 mil milhões obtidos em 2023.
Apontou também que ao longo desse período foi possível abrir um correspondente bancário nos Estados Unidos da América (Nova Iorque), que permitiu fazer as transacções em dólares, dando solução a um dos grandes problemas do mercado financeiro angolano.
Em função dos resultados obtidos pelo banco, em dois anos e meio desde a sua privatização, a fonte considerou positivo o desempenho da empresa, que tem sido cada vez mais robusto, com a fortificação dos capitais próprios, facto que contribuiu no levantamento da reserva do auditor que a instituição tinha desde 2019 a ser levantada. Tratava-se de uma reserva relacionada com a carteira de crédito.
"Fruto dos bons resultados do banco, em Março último, o BNA pôs fim às restrições impostas ao BCI, desde 2022", realçou.
Privatizado, oficialmente, em Dezembro de 2021, pelo grupo empresarial Carrinho, actualmente, o BCI conta com um total de um milhão de clientes, distribuídos nas capitais de todas as províncias do país. QCB