Maputo - Moçambique registou em 2024 uma temperatura média "sem precedentes" nos últimos, pelo menos, 75 anos, 1,2 graus centígrados acima da análise anterior, com estações pelo país a registarem mais de 44 graus centígrados, segundo dados oficiais, citados pela Lusa.
De acordo com o relatório anual do Estado do Clima de Moçambique - 2024, do Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) e ao qual a Lusa teve acesso esta segunda-feira, este aumento fica "muito próximo ao limiar" de 1,5 graus centígrados estabelecido pelo Acordo de Paris, para reduzir significativamente os riscos e impactos das mudanças climáticas.
"O Acordo de Paris inclui o compromisso de manter, no presente século, o aumento da temperatura média global bem abaixo dos dois graus celsius, em comparação com os tempos pré-industriais, e a necessidade de esforços adicionais para limitar o aumento da temperatura ainda mais a 1,5 graus", recorda o INAM.
O relatório, que calcula que a temperatura média do país ficou 1,2 graus acima da média do período anterior de 1981 -- 2010, também aponta que em 2024 a temperatura mais alta registada na rede de estações meteorológicas do INAM foi de 44,5 graus em Chingodzi, na província de Tete, centro do país, a 28 de Outubro. Além disso, em Xai-Xai, província de Gaza, no sul, foi registada uma temperatura máxima de 42,4 graus e em Maputo de 43 graus.
"Quase toda a extensão das províncias da Zambézia e Sofala, e partes das províncias de Niassa, Nampula, Tete, Manica, Inhambane e Gaza registaram o mês de Dezembro de 2024 mais seco de sempre (1981 a 2024)", lê-se igualmente no estudo.
No histórico do INAM, a estação de Chingodzi, na cidade de Tete, também registou o pico das temperaturas monitorizadas desde 1951, ao ter atingido a 18 de Novembro de 2023 os 49,9 graus.
"Estas informações sobre temperatura média recorde, secas persistente e chuvas excessivas destacam um padrão severo de eventos climáticos extremos que evidenciam a ocorrência de mudanças climáticas", refere o director-geral do INAM, Adérito Aramuge, na mensagem que escreve no relatório.
O relatório de 2024 aponta que, no que diz respeito à seca, "foram quebrados recordes nacionais", no centro e sul, mas destaca igualmente o registo de "precipitação extrema um pouco por todo o país".
Moçambique é considerado um dos mais severamente afectados pelas alterações climáticas globais, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, mas também períodos prolongados de seca severa.
Entre Dezembro e Março últimos, o país já foi atingido por três ciclones que, além da destruição de milhares de casas e infra-estruturas, provocou cerca de 150 mortos, no norte e centro do país. CV